Saltar para o conteúdo
    • Notícias
    • Desporto
    • Televisão
    • Rádio
    • RTP Play
    • RTP Palco
    • Zigzag Play
    • RTP Ensina
    • RTP Arquivos
RTP Açores
  • Informação
  • Legislativas 2025
  • Antena 1 Açores
  • Desporto
  • Programação
  • + RTP Açores
    Contactos

NO AR
Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de A MENINA DO SORRISO E DA NOITE

 por João de Melo
Comunidades 06 jul, 2018, 22:40

A MENINA DO SORRISO E DA NOITE por João de Melo

ADELAIDE FREITAS (1949-2018):

A MENINA DO SORRISO E DA NOITE

João de Melo

A morte estava escrita na doença que a acometeu em plena maturidade: os pequenos lapsos de memória, as palavras que subitamente deixavam de existir e lhe eram devolvidas pelos alunos de Literatura Norte-Americana, na Universidade dos Açores. Realizara as provas académicas que viriam a projetá-la para a carreira docente no ensino superior: licenciatura e P.H.D. pela Southeastern Massachusetts University, mestrado pela City University of New York e doutoramento pela dos Açores com a tese Moby-Dick. A Ilha e o Mar – metáfora do carácter do povo americano (1991). Vieram dois livros de poemas: De emigração Tecido (1991) e Viagem ao Centro do Mundo (1994), e veio um labor de textos ensaísticos por ocasião de eventos e congressos (coligidos por Vamberto Freitas, seu marido, no volume Nas Duas Margens: da Literatura Norte-Americana e Açoriana, 2008), mais dois livros de ensaio (um deles exclusivamente sobre mim), um álbum de parceria com Homem Cardoso sobre o nosso Nordeste, E no princípio era a Ilha (1995) e o romance Sorriso por Dentro da Noite (2004).

Bastaria a abordagem desta ficção autobiográfica para sabermos o essencial do que se perdeu na pessoa de Adelaide Freitas: uma vida pesada de mais para uma alma tão leve, tão bela, tão solta no seu mundo de lutas ganhas e promessas interrompidas. É um livro pungente, como todos os que se escrevam sobre a infância daquele tempo na Achadinha natal, dela e minha, em contato com a adversidade quotidiana e na ausência dos afetos que mais estruturam a personalidade humana. Aí se enumeram as dores e perdas dessa mesma educação sentimental, feita a expensas próprias, desde tenra idade (entregue, ainda bebé, à avó materna, estando os pais emigrados na América), até ao regresso, anos depois, dessas estranhas figuras parentais que talvez nunca a recompensassem da ausência nem lhe devolvessem a idade de um colo de mãe e a mão quente e segura da paternidade.

Longe andava eu, seu conterrâneo e companheiro da mesma infância infeliz, de imaginar que a menina que me sorria através dos vidros de uma janela fechada, ao passar na rua dela, estava afinal cativa para sempre das suas profundas e definitivas perdas familiares. Ela que até tinha em nós a imagem de uma privilegiada na sua redoma, na casa grande da vovó! Pela vida fora, esse mesmo sorriso foi-me sendo dado na medida das nossas possibilidades: eu perdido e achado na minha nova dimensão continental, ela levada pelos bons ventos da América, de onde regressaria de vez em 1978. Foi em 1983, no lançamento em Ponta Delgada do meu livro O Meu Mundo Não é Deste Reino, que reapareceu à minha frente, de surpresa e com um exemplar na mão. “Não te lembras de mim? Sou a Adelaide!” Sim, a menina sorridente da Achadinha, a leitora entusiasta que me profetizou um futuro literário, a mestra que me leu com conhecimento de causa e sensibilidade, e fez com que Gregory Rabassa lesse e traduzisse esse meu romance na América. A literatura fez-nos viajantes de vários destinos. Os dela levaram-na à descoberta do amor e da felicidade com Vamberto Freitas, seu bordão de luz, cuja história de regresso e amparo acabou tristemente a 6 de junho de 2018 num luto que em parte também é meu: um na solidão insular, outro no deserto de a ter perdido com o coração.

(Lumiar, 13.6.2018)

RTP Play Promo
PUB
RTP Açores

Siga-nos nas redes sociais

Siga-nos nas redes sociais

  • Aceder ao Facebook da RTP Açores
  • Aceder ao Instagram da RTP Açores

Instale a aplicação RTP Play

  • Descarregar a aplicação RTP Play da Apple Store
  • Descarregar a aplicação RTP Play do Google Play
  • Programação
  • Contactos
Logo RTP RTP
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Youtube
  • flickr
    • NOTÍCIAS

    • DESPORTO

    • TELEVISÃO

    • RÁDIO

    • RTP ARQUIVOS

    • RTP Ensina

    • RTP PLAY

      • EM DIRETO
      • REVER PROGRAMAS
    • CONCURSOS

      • Perguntas frequentes
      • Contactos
    • CONTACTOS

    • Provedora do Telespectador

    • Provedora do Ouvinte

    • ACESSIBILIDADES

    • Satélites

    • A EMPRESA

    • CONSELHO GERAL INDEPENDENTE

    • CONSELHO DE OPINIÃO

    • CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO

    • RGPD

      • Gestão das definições de Cookies
Política de Privacidade | Política de Cookies | Termos e Condições | Publicidade
© RTP, Rádio e Televisão de Portugal 2025