"Ao longo de sete anos deste projeto, conseguimos atingir um patamar de festival internacional de jazz e este ano acho que nos assumimos verdadeiramente como um cartaz cultural da cidade de Angra do Heroísmo", afirmou, em declarações à Lusa, a produtora e criadora do festival Daniela Silveira.
O projeto Mais Jazz — na altura ainda não se assumia como festival — nasceu em 2012, em plena crise financeira, como resposta à falta de palcos que dessem oportunidade aos músicos com influências no jazz para se darem a conhecer na ilha Terceira.
"Era um projeto que visava promover jovens artistas, ter mais um palco para os artistas regionais na ilha Terceira, porque na altura a oferta era bastante escassa, principalmente na área do jazz. Já havia projetos de jazz regionais e que não conseguiam palcos para tocar", lembrou a produtora.
Numa ilha que se apaixonou pelo jazz, sobretudo por influência dos militares ingleses e norte-americanos na base das Lajes, Daniela Silveira quis cativar também as gerações mais novas.
"Vimos aqui uma oportunidade de dar continuidade à história do jazz que já leva mais de 80 anos de história aqui na ilha Terceira e de acrescentar alguma história mais urbana, mais moderna, mais jovem", salientou.
Durante sete anos, desenvolveu o projeto praticamente sozinha, com a colaboração de jovens voluntários e recorrendo a parcerias com outras entidades, mas este ano pretende criar uma entidade coletiva, com uma equipa de profissionais, que não só organize o festival, como promova o jazz junto dos mais novos.
"A partir de 2020 vamos ter uma estratégia mais focada nos jovens, não só com atividades ligadas às artes e ao jazz, mas também com formação artística e musical. Aí sim julgo que vamos começar a captar muito mais público jovem", frisou.
Para além de promover o jazz nos Açores, a associação cultural, cujo nome ainda não foi divulgado, terá também como objetivo a divulgação dos projetos de jazz açorianos fora do arquipélago.
"Tentaremos também afirmar a cultura açoriana dentro deste género musical e levar quem sabe, com intercâmbios, os nossos artistas regionais a outros palcos", avançou Daniela Silveira.
A oitava edição do festival Mais Jazz arranca esta sexta-feira, no Teatro Angrense, com Blubell, "um dos nomes mais relevantes da música contemporânea brasileira", segundo a organização.
Com cinco discos lançados, a cantora e compositora já fez uma tournée pelo Japão e participou no festival internacional Lollapalooza, estreando-se agora em Portugal.
No mesmo dia, atua a brasileira Beatriz Rodarte, cantora e compositora de São Paulo, que conta já com três álbuns.
No sábado, sobe ao palco o Karlos Rotsen Trio, com músicos franceses e espanhóis e influências do jazz caribenho.
O pianista, natural da ilha Martinica (França), a viver atualmente em Portugal, Karlos Rotsen, atua na mesma noite com o rapper do Zimbabué, Synic.