Saltar para o conteúdo
    • Notícias
    • Desporto
    • Televisão
    • Rádio
    • RTP Play
    • RTP Palco
    • Zigzag Play
    • RTP Ensina
    • RTP Arquivos
RTP Açores
  • Informação
  • Legislativas 2025
  • Antena 1 Açores
  • Desporto
  • Programação
  • + RTP Açores
    Contactos

NO AR
Este conteúdo fez parte do "Blogue Graciosa Online", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Do amor e do erotismo
Graciosa Online 14 mai, 2020, 21:17

Do amor e do erotismo

Crónica de Victor Rui Dores

                                    “Julieta vive hoje num 25ª andar… Já não há Romeu”… 

                                                                                                   Leo Ferré 
Vivemos numa época em que, manifestamente, o amor não está na moda. E isto porque
ele tende a desvanecer-se na vertigem do nosso quotidiano, dominados que estamos pelo social,
pelo político, pelo económico e pelo pragmático. 
O amor está cada vez mais banalizado e estereotipado pelos media. Vamos perdendo, a
pouco e pouco, o sentido do sonho e da utopia e o resultado salta à vista: assiste-se hoje à
indiferença, ao amesquinhamento e à repressão que os diversos poderes vão, propositadamente,
lançando sobre tudo o que seja afecto, amor, sentimento, paixão… 
Por outro lado, as linguagens teóricas depreciam o sentimento amoroso. E, como se isto
não bastasse, o sujeito apaixonado é desprezado e assimilado a um lunático… 
Em estado de “isolamento social”, deu-me para reler Fragmentos de um Discurso Amoroso
(1977), de Roland Barthes, autor muito em voga nos meus tempos de Faculdade de Letras de
Lisboa. 
Segundo aquele semiólogo francês, o provérbio mente: o amor não é cego. Pelo contrário,
tem um incrível poder de decifração, que tem a ver com o elemento paranóico existente em todo
o apaixonado, que conjuga aspectos de neurose e psicose. Ou seja, o apaixonado é um
atormentado, um louco. Vê claro. Mas o resultado é muitas vezes o mesmo como se estivesse
cego. 
Já não temos a morfologia do apaixonado, dos seus traços, das suas expressões, da sua
mímica arrebatada e enlevada. No século XIX havia centenas de litografias, pinturas e gravuras que
o representavam, mas hoje temos alguma dificuldade em reconhecer um apaixonado na rua… 
Perguntar-se-á: o que fica do apelo daqueles antigos postais eróticos que faziam as delícias
dos nossos avoengos? Talvez a possibilidade de redescoberta, ou melhor ainda, da reinvenção do
erotismo que é sempre possível enquanto houver homens e mulheres. Afinal de contas, a razão
permanece do lado dos poetas, que sabem que o erotismo não deve perder-se na febre
mercantilista, antes precisa de se redescobrir como arte maior. 
Do amor e do erotismo
Com efeito, nos tempos que correm, o erotismo adquiriu uma dimensão consumista que o
vulgarizou e lhe retirou parte do encanto. Isto é, deixou de ser sinónimo de “paixão amorosa” e
“amor lascivo”, como consta nos dicionários, para se tornar em mais um elemento de compra e
venda. A utilização do erótico na publicidade é de há muito um dado adquirido: as mais íntimas
imagens do corpo servem atualmente para ajudar a vender tanto eletrodomésticos como
shampôs… 
Se o discurso amoroso não está na moda, o amor romântico muito menos. Basta aqui dizer
que os nossos jovens preferem o uso do verbo “curtir” do que o verbo “amar”… É que, hoje, são
outras as componentes semânticas: sexualidade, intimidade, prazer, sedução, sensualidade,
desejo… 
Longe vão os tempos em que os prazeres da vida foram condenados a partir do Concílio de
Trento… A moral católica alertava para os inimigos da alma (o mundo, o diabo e a carne) e
estabelecia os sete pecados mortais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça),
reduzindo o sexo a uma mera atividade reprodutora. Como explicava no século XIX o filósofo
“maldito” Wilhelm Reich, tornava-se necessário fazer do sexo e do erotismo um verdadeiro tabu,
para que os imperativos económicos do feudalismo pudessem vingar: menos tempo para o amor
significava mais tempo para o trabalho – assim acreditavam os grandes senhores. Em vez de fonte
de prazer, o sexo e seus derivados eram encarados como a razão de todos os males – aliás, de
acordo com o princípio do pecado original, sem o qual a Humanidade nunca teria chegado a
existir. 
Por conseguinte, não é de agora a confusão entre amor e sexo. Ontem como hoje, parece
prevalecer aquela máxima anglo-saxónica que diz que “tudo o que é bom na vida ou é imoral, ou é
ilegal ou engorda”… 




RTP Play Promo
PUB
RTP Açores

Siga-nos nas redes sociais

Siga-nos nas redes sociais

  • Aceder ao Facebook da RTP Açores
  • Aceder ao Instagram da RTP Açores

Instale a aplicação RTP Play

  • Descarregar a aplicação RTP Play da Apple Store
  • Descarregar a aplicação RTP Play do Google Play
  • Programação
  • Contactos
Logo RTP RTP
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Youtube
  • flickr
    • NOTÍCIAS

    • DESPORTO

    • TELEVISÃO

    • RÁDIO

    • RTP ARQUIVOS

    • RTP Ensina

    • RTP PLAY

      • EM DIRETO
      • REVER PROGRAMAS
    • CONCURSOS

      • Perguntas frequentes
      • Contactos
    • CONTACTOS

    • Provedora do Telespectador

    • Provedora do Ouvinte

    • ACESSIBILIDADES

    • Satélites

    • A EMPRESA

    • CONSELHO GERAL INDEPENDENTE

    • CONSELHO DE OPINIÃO

    • CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO

    • RGPD

      • Gestão das definições de Cookies
Política de Privacidade | Política de Cookies | Termos e Condições | Publicidade
© RTP, Rádio e Televisão de Portugal 2025