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Este conteúdo fez parte do "Blogue Graciosa Online", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Do pão da minha avó Zulmira
Graciosa Online 22 jul, 2023, 11:46

Do pão da minha avó Zulmira

Crónica de Victor Rui Dores

                                                                                  à Katharine Baker, minha tradutora do outro lado do mar 

Tenho doces e saborosas recordações da minha infância vivida na ilha Graciosa. E,
na névoa dessas lembranças, figura a minha avó Zulmira que nos dava pão e amor. 
Já viúva, mas muito divertida e despachada, ela vivia connosco – mãe, pai e
irmãos – numa casa que não sendo rural era bastante antiga. 
Uma vez por semana, a minha avó Zulmira cozia pão num antigo forno de lenha
situado na nossa cozinha. Chamávamos “pão caseiro” para o diferenciar do pão da
padaria que era distribuído ao domicílio na carrocinha de mão do Traquitana. 
Com farinha, água morna, levedura, açúcar, um pouco de gordura e uma pitada de
sal, a minha avó Zulmira, com a ajuda da minha mãe Judite, metia literalmente as mãos
na massa e, enquanto a amassava, dizia a seguinte ladainha: "Deus te acrescente, em
louvor da Virgem Maria, um Pai Nosso e uma Ave-maria
". 
Educado que fui num ambiente de funda expressão cristã, lá em casa o pão era
alimento sagrado. De tal modo que, dizia-se, deitar pão fora era considerado um pecado…
Na catequese aprendêramos o valor religioso e simbólico do pão. Multiplicando-o no
Milagre dos Pães, Jesus dera-nos uma imagem do Poder Divino e, ao incluí-lo na ementa
da Ceia dos Apóstolos, consubstanciou-o na hóstia sagrada, símbolo do ritual da Sagrada
Eucaristia… 
Depois de tender e moldar a massa (durante esta operação minha avó Zulmira
humedecia as mãos em água de farinha), logo a seguir fazia uma cruz sobre a mesma e
rezava: "Deus te acrescente para amparo da casa e governo da gente". 
Antes disso, ela já tinha varrido devidamente o forno, afastando as brasas (o
“borralho”) para o lado esquerdo, ficando a parte central absolutamente livre. E era aí que
ela, com movimentos certeiros, colocava o pão com o auxílio de uma comprida pá. 
Meia hora depois, minha avó Zulmira abria o forno e, com a referida pá, retirava o
pão e… era uma alegria! Jamais esquecerei aquele cheiro a lenha misturado com o
aroma do pão quentinho, com aquela crosta luzidia, a pedir manteiga… Ainda hoje me
cresce água na boca quando penso naquele pão – o melhor do mundo! 
Só pelo Espírito Santo é que a minha avó Zulmira fazia massa sovada, o que para
nós era quase um luxo, naquele tempo de muitas penúrias… Em todas as outras
temporadas, ela cozia sempre o “pão caseiro” e, em dias de festa, fazia bolos e biscoitos. 
Do pão da minha avó Zulmira
Nos dias que correm o pão deixou de ter segredos e mistérios. Compramo-lo nas
padarias, nos mercados e nas grandes superfícies. Só nos meios rurais é que ainda há
quem o faça – em velhos fornos, à maneira antiga. 
Sobre este tão precioso alimento, base das nossas refeições, muitas são as
expressões populares transmitidas oralmente: “Casa onde não há pão, todos ralham e
ninguém tem razão”. “Nem mesa sem pão, nem soldado sem capitão”. “Antes pão duro
que figo maduro”. “Nem só de pão vive o homem”, etc. 
Também há “o pão que o diabo amassou”. E, ao escrever isto, estou a pensar
nessa sinistra figura que dá pelo nome de Putin… 

Post Scriptum
. Dizer que o pão engorda é um mito. “O pão não engorda, o que engorda é o que se
põe no pão”, costuma dizer o meu amigo António Cavaco, chef açoriano de primeiríssima água.




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