Navegadores portugueses
Comprei há dias um livro destinado ao público mais jovem, com o título “Navegadores Portugueses”. O texto é de Elsa Pestana Magalhães e as ilustrações de Fernando Aznar. Passo a referir a razão da compra. Fui atraído pelo aspecto gráfico da obra e, ao folheá-la, deparei com duas páginas dedicadas a Cristóvão Colombo de que constava o seguinte: “Mas em tempos mais recentes novas pesquisas concluíram que, afinal, ele nasceu em Cuba, no nosso Alentejo, sendo, portanto, português.”. Algumas linhas mais à frente, é ainda referido que no dia 12 de Outubro de 1492, Cristóvão Colombo avistou ilhas e, pouco tempo depois, aportou a uma outra ilha, a que deu o nome de Cuba, em homenagem à sua terra natal – Cuba, lá no Alentejo !
Achei excelente a assunção, por parte de Elsa Pestana Magalhães, de que Cristóvão Colombo era português, natural de Cuba, Alentejo. Em Janeiro deste ano, assisti a uma sessão/debate promovida pela Associação Cristóvão Colon, sob a égide da Academia Portuguesa de História, e fiquei com a impressão de que os dados actuais em favor do Colombo português são mais fortes do que os que sustentam a velha tradição do Colombo genovês. Um dos defensores do Colombo português é o médico Manuel Luciano da Silva, radicado nos EUA, que é um estudioso e investigador apaixonado dos descobrimentos portugueses. O filme “Cristóvão Colombo, o Enigma”, de Manoel de Oliveira, baseou-se no livro “Cristóvão Colon era Português”, de Manuel Luciano da Silva e sua mulher, Sílvia Jorge Silva.
Voltando ao livro “Navegadores portugueses”, uma “crítica” que ouso fazer é a não inclusão de outros navegadores portugueses, ligados à descoberta e à exploração da América do Norte. Esta falta verifica-se também, em boa verdade, noutras obras generalistas sobre os descobrimentos portugueses. Os nomes de João Vaz Corte-Real, Gaspar e Miguel Corte-Real, João Fernandes Lavrador, Diogo de Teive, João Álvares Fagundes, Pêro de Barcelos, entre outros, são muitas vezes esquecidos. Em 1918, o professor Delabarre deu a conhecer as inscrições na pedra de Dighton, de que se destaca a seguinte: “Miguel CorteReal-1511”. Ora isto é tanto mais interessante quanto Miguel Corte-Real foi dado como desaparecido em 1502, quando procurava o seu irmão Gaspar, igualmente desaparecido, em 1501, nas costas virgens do Novo Mundo. A epopeia dos nossos navegadores no Atlântico Norte está envolta em mistérios, mas não deixa de ser um capítulo glorioso e fascinante dos descobrimentos portugueses.
Eduardo Brito Coelho
Coronel Engº (res)