Comum unidade
Comunidades?… Geograficamente, sim. Estamos por este mundo fora tão divididos, tão separados uns dos outros… As ilhas, arquipélago de alto mar, transfiguraram-se em ilhas de gente sobre terra firme. Mudaram no mapa, não mudaram na alma. De vez em quando, no entanto, o mar-terra-firme, onde as marés se medem pela cotação social da bolsa de cada um, e as ondas são maneiras diferentes de entender a vida, esboroam um ou outro ilhéu. Que se dilui, assim, em outras águas. Mas a maioria continua a ser o que era e a sê-lo como era. Pelo menos a sentir-se muitas vezes com vontade de pendurar as cítaras da saudade nos salgueiros das Babilónias que os acolhem. Para um ilhéu, dizer “a minha ilha” não é metáfora. Porque o normal é pertencermos à ilha e a ilha pertencer-nos.
Comunidades?… Humanamente, não. O sentimento é o mesmo e a referência não se perde. Não importa a terra aonde foram, não importa o tempo da separação. Ainda que mude o sotaque ou a própria língua madre, a alma, o coração, teimosamente permanecem. Ou oscilam entre o cá e o lá dos afectos. Sem culpa nem remissão.
“Comunidades”… Um “blog” de entre o cá e o lá que nós somos. Por isso de nós todos. Os que nele escrevem, os que apenas o lêem, os que não sabem, até, que ele existe. Que completou três anos com a maturidade já da idade adulta.
Parabéns, Lélia, parabéns, Irene, porque tão bem traçaram o esboço sobre que muitos vão derramando as tintas das suas palavras.
Daniel de Sá
Foto: Ver Açor Editora /Divulgação.