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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Urbano Bettencourt ou a demanda poética–
Victor Rui Dores
Comunidades 06 jun, 2013, 06:39

Urbano Bettencourt ou a demanda poética– Victor Rui Dores

“aqui o homem ergue
uma ilha e olha
as palavras cercadas de cal
até onde o olhar se afoga”. (pág. 23)

Urbano Bettencourt
ou a demanda poética

“aqui o homem ergue
uma ilha e olha
as palavras cercadas de cal
até onde o olhar se afoga”. (pág. 23)

Neste “mui penoso e perigoso ofício de criticar” – conforme nos diz D. Francisco Manuel de Melo, no seu incontornável “Hospital das Letras” – persisto e insisto em falar de livros de autores nossos. E já ando nisto há quase 40 anos…
Desta vez trago à baila um poeta que, de furtivo em furtivo livro, reabilita a palavra poética e o sentido mágico do poema: Urbano Bettencourt, cavaleiro andante por amor à literatura, açoriano que vive entre a ilha e a viagem, e de quem acaba de ser lançado um livrinho (de bolso) imperdível: Outros nomes outras guerras – Antologia (Companhia das Ilhas, 2013). Trata-se de uma seleção de poemas que o autor resgatou de outros livros seus, e a que acrescentou cinco inéditos.
Atente-se, para já, no título do livro. Nomear é criar a realidade do que se diz, pois todo o ato verbal, imaginário ou real, possui um significado e a palavra encerra sempre uma carga significativa. Neste livro, o poeta revisita lugares, (de antologia é o poema “Angra”, págs. 41-43), acontecimentos, coisas e pessoas que povoam o seu imaginário, isto é, tudo aquilo que lhe ficou suspenso na (telúrica) memória. A poesia fala da experiência de quem a escreve e, por isso, é tanto mais importante quanto mais se confunde com a vida. E há, em Urbano Bettencourt, uma íntima ligação entre a vida e a escrita, ou seja, mistura de vida vivida e sentida, com (re)invenção e (re)elaboração do real.
Encontramos ainda, nos poemas de Urbano, uma conceção estética universalizante: o poeta decifra o enigma dos dias e viaja da ilha para o mundo, funcionando a ilha como uma alegoria ou uma metáfora do mundo.
Espaço imagético e afetivo, a ilha, geradora de mitos, mistérios e fascínios, está sempre presente e pressentida nos versos de Urbano. Por isso a sua poesia é sempre insulada, mesmo quando viaja por espaços continentais, europeus ou africanos.
Desde Raiz de Mágoa (1972), seu primeiro livro, que Urbano Bettencourt é poeta do equilíbrio formal, da economia do verso bem urdido e sonoro, e da requintada arte de finalizar o poema, sendo que um constante sentido de rigor, de exigência e de minúcia orientou a demanda de uma linguagem depurada e erguida sobre a palavra iluminada, exata, única e essencial. Resultado: o percurso poético de Urbano tem sido sempre de sentido ascendente. Diria mais: ele é excelente e imenso poeta porque tem a policiá-lo um grande sentido crítico.
Isto explica o intenso trabalho que este autor, digo artesão de palavras sempre em busca de novas significações, coloca na elaboração dos seus textos. Leia-se, a propósito, “Deletem, escreveu ela”, pág. 38, poema escrito em voz alta, já que neste poeta picaroto há sempre o ouvido que escreve.
E daí também a existência, na arte poética de Urbano, daquilo a que já chamei de musicalidade aliterativa. Alguns exemplos retirados do livro em análise: (…) ”e das palavras empestadas / e empastadas de mágoa e névoa” (pág. 12); (…) ”o gosto salgado da saliva pela encosta dos seios os seixos” (pág. 16); (…) “desafiando os séculos, o sexo/ de quantos arquiduques e princesas por suas pernas se prendiam / e se perdiam” (pág.22); (…) “no cavername a corrosão dos salmos/ da salmoira” (pág. 24); (…) “Passei por Trieste numa tarde triste” (pág. 25); (….) “um fogo me consome em seu amplexo: / fosse eu como os demais, suor e sangue / e sexo!” (pág. 33).
Aliás, as várias ocorrências da palavra “sexo” remetem-nos para uma outra dimensão da poesia de Urbano: o discurso amoroso e o ímpeto erótico, patente sobretudo nas suas obras Marinheiro com residência fixa (1980) e Naufrágios Inscrições (1987).
Em Outros nomes outras guerras estamos perante uma poesia que age e reage (“Agostos”, págs. 36/37), que questiona as mitologias do quotidiano (“Poema por receita”, pág. 44), que denuncia (“Nunca acertei meus passos pelo ritmo das balas”, pág.11) e renuncia (“Mafra/ é Mafra/ e eu/ sou eu”, pág. 11), não faltando leves doses de ironia nalguns poemas (“Paisagens”, pág. 40).
Numa escrita sem fronteiras, eis o poeta (também professor, filólogo, ensaísta, criador literário e homem de pensamento) em busca da sua verdade emocional. E eis, decididamente, uma poesia de indiscutível qualidade e de apetecível beleza formal.

Victor Rui Dores

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