mirante poético
João-Luís de Medeiros (*)
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orfandade da distância …
… desta vez, não mereço estar errado
na rota do jazigo da dúvida-errante
– padroeira da orfandade da espera:
não presto vassalagem ao passado
ao escutar o murmurar da quimera
(sacrário do segredo de ser amado)…
refeito estou do susto de ter nascido
no chão-mental duma ilha-rosário;
a valentia piedosa dos romeiros
ignora o temor da insularidade
(mas sabe de cor as rotas do calvário
e as dores do basalto da açorianidade)…
pecador-amador duma ausência antiga,
distante do verdear micaelense…
– paira no ar o rezar dos romeiros,
vítimas dos mercadores do engano:
os imigrantes são fiéis herdeiros
da pobreza do berço açoriano…
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Inédito, 2013