PorqueHojeEhSabado
2013.11.09
Açorianidade – 168 [Aurora de Moraes, “Passeio à beira mar”. Emiliano Toste, “Sol Baixo”]
Debruçada na muralha,
Vejo o sol a desmaiar,
As ondas correndo, mansas,
Finas areias beijar.
Oh! Como és bello oceano,
Quer tranquillo murmurando,
Quer raivoso ás tuas fragas
Rolos de espuma atirando.
Como também és formoso,
Sob as tintas rutilantes,
Do longo, triste crepúsculo,
Que te inundam vacilantes.
Então n’esta hora suave,
É bem doce o meditar,
A alma sente-se immersa,
Em meigo e fundo scismar!
Que mil poemas encerras,
De magua, prazer e dor!
Quanto olhar em ti se crava,
Cheio de esperanças d’amor!
Traz-me nas dobras da vaga,
A ventura, a luz, a vida,
Do ideal dos meus sonhos,
A sua imagem querida.
Aurora de Moraes,
Flores d’Alma,
Ponta Delgada, Tip. Vara da Justiça, 1896.