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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de RESSURREIÇÃO – Mário T Cabral
Comunidades 22 abr, 2014, 03:24

RESSURREIÇÃO – Mário T Cabral

(La Résurrection Mathias Grünewald 1470-1528)

RESSURREIÇÃO
Mário T Cabral, 20 de Abril AD 2014 

Esperança. Se o estudante não tiver esperança de passar, então não faz o exame. Se o atleta não tiver esperança de ultrapassar a fasquia, então não salta. Se o emigrante não tiver esperança de melhorar de vida, então não procura país novo. Se o artista não tiver esperança de concretizar a obra, então nem é artista. A vida, toda ela, só progride na esperança: se a semente não tivesse, por assim dizer, esperança, não procurava sair da terra; se os patos não tivessem, por assim dizer, esperança, não atravessavam o Atlântico; se a criança não tivesse, por assim dizer, esperança, não vinha à luz. O contrário da esperança é a depressão. Quanto maior é a esperança, maior é a vida. Uma esperança infinita merece uma vida eterna. A esperança é o céu azul onde os olhos reconhecem as promessas gravadas na alma.
     Vontade. Não é a razão que nos põe em movimento, mas sim a vontade. A razão pode ser o leme, mas não é o motor. Se o estudante não tiver força de vontade, então não irá ao exame, mesmo que seja muito inteligente. Os pais dizem: “Se o rapaz quisesse, era melhor que a irmã! Mas ele não se interessa com nada!” O professor sabe; ele sabe que a vontade move montanhas. A rapariga vai ficar mais inteligente do que o irmão, porque a razão atrofia sem a vontade e a vontade espicaça a inteligência. O crítico de arte pode saber explicar as obras melhor do que o próprio artista, mas não as cria. E o génio é, sobretudo, uma obsessão. O atleta nem acredita na altura em que a fasquia já vai! Grão a grão, grão a grão… Eis que chegam as aves ao sul, exangues, mas a tempo de cumprir a sua natureza, como os emigrantes, e tudo o mais.
     Alegria. Para que serve acordar, sem alegria? A alegria põe asas nos pés e com alegria os dedos das mãos copiam as aves que chegaram ao sul. Bem se diz que “Um santo triste é um triste santo”. A alegria abre, expande, põe em relação e, da relação, vem a força dos laços que fazem redes que apanham pescarias incomensuráveis. A tristeza encolhe, tranca, escurece, amortalha. Uma planta sem água é triste. A esperança e a vontade convocam a alegria: “Quem canta, seus males espanta”. Pode exorcizar-se a alegria, a alegria pode ser treinada, mais ou menos como a fasquia que o atleta vai subindo, centímetro a centímetro, até às alturas imprevisíveis.
     Coração. O neto pode ter a inteligência, e até mesmo a vontade, mas é o avô quem tem o bom coração de David e de Pedro. O coração fica ao meio do corpo, como o sol ao meio da galáxia. O coração perdoa. No coração há barcos parados, depois de tempestades hediondas. O coração conhece a paz e o silêncio. Jesus é o Bom Jesus, o Sagrado Coração. Ninguém traz a cabeça nas mãos, a não ser quando faz asneira. Falar verdade é “Falar com o coração nas mãos”. O coração compreende os desvarios do estudante sem vontade, sem esperança, sem alegria. O coração perdoa. O Sagrado Coração.
     Caminho. Não é o caminhante que faz o caminho, mas o caminho que faz o caminhante. A viagem faz-se, é o caminho que vai abrindo os olhos ao caminhante, tal como é a obra que diz ao artista para onde a deve levar. As mãos estimulam o cérebro, os pés inflamam a razão. O Sentido vem durante a viagem. Quem ensinou às aves o caminho do sul? E à semente o caminho da luz? E à criança a hora de entrar no mundo? Tem a ver com dominar ou confiar.
   Aleluia!
   Aleluia!
   Aleluia!

Mário Cabral Natural da Terceira, Açores, é Doutor em Filosofia Portuguesa Contemporânea, pela Universidade de Lisboa, com Via Sapientiae – Da Filosofia à Santidade, ensaio publicado pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda (2008). Para além do ensaio, publica poesia e romance. O seu último livro de ficção (O Acidente, Porto: Campo das Letras) ganhou o prémio John dos Passos para o melhor romance publicado em Portugal em 2007. Está traduzido em inglês, castelhano e letão. Também é pintor.
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