Rufino Cordeiro Dias Pereira nasceu no dia 19 de Junho de 1931 em São Mateus da Calheta de Angra do Heroísmo.
O pai, João Batista Dias Pereira, foi aí Cabo do Mar, actividade que veio depois a exercer nas Velas, antes de voltar às origens, onde se dedicou à pesca e à caça da baleia. O Avô, Vital Maria Pereira, para quem o mar era como o “quintal” dele, também já o fizera, tendo sido piloto prático, a quem competia escolher o ancoradouro para os navios da rota comercial que demandavam a Graciosa.
Corre-lhe água salgada nas veias.
E o marulho é som do berço que lhe será inspirador noutras musicalidades.
A herança musical herdou e fez sua.
Ambos os avós, paterno e materno, distinguiram-se – assim como na actualidade outros familiares se afirmam – pelos dotes musicais, tocando, compondo, e cantando, contribuindo de forma decisiva para a animação de festividades profanas e eventos religiosos. Antepassados dele também estiveram na génese da Filarmónica Recreio dos Artistas, de Santa Cruz, congregando vontades para darem grandeza à ilha Graciosa, que de ilha Branca, adquiriu recentemente a caracterização de Ilha da Música, pela qualidade e quantidade de pessoas envolvidas na área.
Rufino Cordeiro, passeava-se diariamente no seu passo elástico, ligeiro, elegante e todo aprumado – como hoje tem – na sua actividade profissional, distribuindo cartas e encomendas pelas casas, o meio de comunicação de excelência doutros tempos, sendo que, ao fim do dia, outras artes o animavam. Voltava-se para a música como hobbie. Inicialmente, como executante exímio de trompete, nas Filarmónicas, habilidade que partilhou na formação de outros músicos, para depois assumir a liderança na regência de Bandas.
Fez com sucesso um curso de regente, ficando em consequência e por diversos períodos entre 1980 a 2004, com a responsabilidade das Filarmónicas de Santa Cruz, Guadalupe e Luz. E quão árduo foi esse encargo de forjar entusiasmos à volta das filarmónicas, quando os meios eram escassos e poucas as contrapartidas lúdicas!
Hoje, as Filarmónicas são reconhecidas como um património de valor, merecendo do sector da cultura, outra atenção e apoios, inexistentes no passado, marcado nomeadamente, pela carência de instrumentos e ausência de fardamento que lhes desse dignidade.
O nosso amigo Rufino militou nesses tempos difíceis, com generosidade e empenho de bem servir, dando o melhor de si e do seu tempo, com sacrifício pessoal do convívio roubado à sua família.
E o entusiasmo para novos desafios musicais foi uma constante ao longo da sua vida. Por dar as melhores competências na vertente musical, hoje orgulhar-se-á desse contributo cívico, a favor da comunidade graciosense.
Foi fundador do grupo “Selvagens do Ritmo”, cuja actividade revitalizou o brilhantismo dos bailes da geração de 60 e 70 do séc. XX, essencialmente, no Graciosa Futebol Clube, mas também noutros clubes, quando solicitado para o efeito.
Cidadão de corpo inteiro, prestável, homem de talentos e valores interiores, nas diversas formas e circunstâncias, assumiu outras tarefas de cidadania activa.
Essa têmpera de civismo e dedicada entrega ao bem comum, fez com nos primeiros anos da vida democrática, estivesse na oposição da Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa, onde corajosamente se afirmou sem receios.
Essa têmpera de civismo e dedicada entrega ao bem comum, fez com nos primeiros anos da vida democrática, estivesse na oposição da Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa, onde corajosamente se afirmou sem receios.
(Em 23-03-2018, a Associação dos Músicos da Ilha Branca, manifestou o seu profundo agradecimento pela valiosa acção exercida durante décadas, ao serviço das actividades musicais das gentes graciosenses)