[Esta chuva que me chega]
Esta chuva que me chega
Em basalto bate e escorre,
Negra, triste e sozinha,
Olhai este nosso céu que morre.
São estes reais pingos de chuva,
Prova das horas dolorosas,
Súplicas essas que nos chegam,
Emoções tristes e harmoniosas.
Bem te escuto, O, negro céu,
O anseio que nutres pela alvorada,
Reflexo da chuva que sempre cai,
Mas esperai que o Sol não tarda.
Em dia sois azul, espelho do Mar,
Em noite sois negra, espelho do Homem,
Salve-nos, pois, o Sol do teu enterro,
E das vossas noturnas canções de desespero.
Júlio Flores Oliveira,
in Versos Experimentados,
Chiado Editora, 2015.
Oliveira, Júlio Tavares (1999) ativista cultural, natural da vila da Lagoa, ilha de S. Miguel, onde reside.