Kiwamu Hamaoka
É um apaixonado pelos Açores desde os tempos em que viveu em Portugal e foi professor de japonês na Faculdade de Letras de Lisboa. Trabalhou nos Serviços Culturais da Embaixada de Portugal no Japão. Actualmente ensina, nas Universidades no Japão, o português e a história da emigração açoriana para Santa Catarina no século XVIII no âmbito da Expansão Portuguesa. Seu interesse vai da Literatura Açoriana, a História até as Línguas. Foi aluno de Eduíno de Jesus. Gosta de seus amigos açorianos Onésimo Teotónio Almeida, Urbano Bettencourt, Álamo Oliveira e, evidentemente, da comunidade açoriana espalhada no mundo.
Conheci Hamaoka por intermédio do escritor Urbano Bettencourt. Via e-mail fiquei sabendo que um jovem professor japonês estava muito interessado em conhecer a história da epopéia açoriana do século XVIII que trouxe para o Sul do Brasil cerca de seis mil açorianos. O mundo virtual eliminou as distâncias geográficas. Assim, quando o Sol Poente dava lugar a noite que chegava de manso, da terra do Sol Nascente chegavam as mensagens do Hamaoka com perguntas sobre Santa Catarina e sua gente.
Nas trocas de mensagem conheci um pesquisador dedicado, competente e apaixonado por seu trabalho. Estava traduzindo Pedras Negras de Dias de Melo, o escritor da Calheta de Nesquim, para o japonês. Acompanhei sua saída e fiquei feliz ao recebê-lo nesta outra margem, neste outro hemisfério. Ora vejam só: "Pedras Negras" em japonês!!! Seguiram-se " O Achamento do Brasil e outras Épocas", em 2006, que trazia uma parte dedicado a Santa Catarina e a presença açoriana e "Já Não Gosto de Chocolates" de Álamo de Oliveira, em 2007.
Kiwamu Hamaoka, um amigo dos Açores, um escritor de grande mérito.
Um professor a ensinar Literatura Açoriana no Japão.
Lélia Nunes
Irashai-Mase, Hamaoka!
Literatura Açoriana no Japão
Kiwamu Hamaoka
Traduzi, até agora, para japonês "Pedras Negras" e "Mar pela Proa", ambos de Dias de Melo, e "Já não gosto de chocolates" de Álamo Oliveira. Ainda só foram publicados no Japão "Pedras Negras" pela Editora Sairyusha e "Já não gosto de chocolates" pela Random House Kodansha. As duas línguas, muito diferentes, constituem um obstáculo para a tradução. É um acto muito penoso para mim.
Os temas das Insularidades são descritos por Luís Ribeiro em "Subsídios para um ensaio sobre a Açorianidade"(1964). As dificuldades dos emigrantes açorianos são abordadas por Vitorino Nemésio em "O Açoriano e os Açores"(1929) e também por Onésimo Teotónio Almeida em "Estruturas Culturais Profundas?(1992)". Parece-me que tudo isto é tratado e resumido em "Já não gosto de chocolates".
Mas todos os temas dos textos, relativamente pequenos, equacionados nitidamente pelos autores acima aduzidos são muito importantes para os estudos açorianos. Isto também é tema dos japoneses. As três obras do Onésimo "A Questão da Literatura Açoriana", "Da Literatura Açoriana" e "Açores, Açorianos, Açorianidade" influenciaram-me imenso para desenvolver os meus estudos da Literatura Açoriana. E tudo isto talvez tenha me conduzido para chegar ao fim com algum êxito açoriano no Japão.
Kiwamu Hamaoka