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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de CONSOADA DE FRATERNIDADE João-Luís de Medeiros
Comunidades 13 jan, 2009, 01:16

CONSOADA DE FRATERNIDADE João-Luís de Medeiros

 

 

1 – novos ricos – novos pobres

 

          As comunidades estão ainda a celebrar uma efeméride propícia ao delírio consumista, cientificamente provocado e lucrativamente servido. Imagino todavia que ainda há minorias que aproveitam a quadra natalícia para descansar e reflectir nos dilemas do quotidiano, indiferentes ao smile telegénico da mentira política em curso.

          A pobreza (involuntária) continua a ser canonizada pelas classes possidentes, com a ajuda da orgia televisiva que se diverte a sentimentalizar o passado e a glorificar o presente. Não surpreende que o baronato político prefira cultivar com mal disfarçada altivez, o tique de martírio fingido pelos pecados da ocidentalidade ofendida…

          Fez há dias 28 anos que desembarquei nos E.U.A. com a bagagem de emigrante a levedar de ilusões. Só mais tarde comecei a descobrir que neste enorme oásis de convivialidade democrática (nesta experiência em trânsito chamada E.U.A.) há ainda franjas evangelistas cuja penitência favorita é dar porrada nos que vivem do outro lado do mundo.  

          O sudoeste da Califórnia pode ser considerado um dos mais curiosos (quiçá complexos) laboratórios étnico-políticos da União Norte-Americana. O elitismo tecnocrático da política californiana está a prestar um enorme favor aos nuestros hermanos militantes da revolução em curso na Mexifórnia. Conviria já agora relembrar os interessados de que a Constituição dos E.U.A., na frieza saxónica do seu pragmatismo, não subscreve a inevitabilidade do sistema capitalista, não glorifica a unicidade linguística ou religiosa, e nem sequer aposta na glorificação do Atlântico-Norte. A democracia representativa moderna não esconde o antigo dilema, cada vez mais visível nas rugas de cansaço do seu rosto ocidental: manter em boas condições de funcionamento a mola amortecedora do gemido colossal da desigualdade, antes que o desespero dos deserdados ultrapasse os limites duma eventual correcção de cariz revolucionário…

 

 

2 – dos profissionais da mentira política

 

          Infelizmente, não posso confirmar se a decorrente quadra natalícia tem sido usada pelas comunidades como oportunidade de acção para os amantes da arte de bem perguntar. Atrevo-me a dizer que este pequeno texto é apenas um pingo de suor no oceano da solidariedade humana. Para quem gosta de prestar atenção aos detalhes da ditadura da realidade, o écran televisivo tem fama de ser astuto detector de mentiras. Repare-se, por exemplo, na facilidade com que a maioria dos políticos finge responder a qualquer questão existente debaixo do sol. As pseudo-respostas desses políticos, embora amiúde insultuosas para a inteligência dos seus constituintes, são depressa espatifadas pelo anti-ciclone da indiferença. Ora uma comunidade que detesta formular perguntas pertinentes para a defesa do seu próprio bem-estar, já tem o seu diagnóstico decifrado: sofre de gaguez política; padece de asma cívica!

          Nos meus tempos de jovem político, cheguei a alimentar a crença em que as boas instituições poderiam formar bons cidadãos. Estava enganado. Enquanto existir comunidades em que uns poucos dispõem de força para comprar os muitos que nada têm – é caso para dizer que a revolução espreita!

          Há já alguns anos, procuro juntar a minha voz aos que defendem a implementação dum novo Plano Marshall para minimizar a pobreza involuntária, no sentido de impopularizar a autoria do sofrimento desnecessário. Antes de  falarmos em Educação, gostaria de sugerir a humildade de fortalecer o acesso democrático à Instrução: creio que uma das mais "silenciosas" calamidades que pairam por sobre as comunidades de expressão portuguesa (gente possuidora de credenciado capital de honestidade) é o desconhecimento básico dos labirintos legais, capazes de facilitar a racionalidade operacional das suas poupanças e das suas transacções. 

          Os sinos da mudança estão a repicar! Sabemos que as instituições têm a tendência de resistir à mudança. A maioria dos dirigentes das instituições universitárias, dos seminários, dos partidos políticos, academias militares, clubes desportivos e recreativos, são personalidades muito ciosas da própria "inamovibilidade" institucional. Não admira que os apóstolos da mudança democrática sejam considerados elementos subversivos…

          Entretanto, caríssimos, tal como orfão no deserto, cá vou olhando em redor à procura de troncos cívicos para segurar as muralhas das legítimas prioridades comunitárias. O espectáculo nem sempre nos parece atraente. Há vários sinais inequívocos de senilidade política da parte dos analistas do quotidiano; seguidismo endémico na praxi do elitismo académico; vazio evangélico dos maratonistas da santidade; palavrório dos gritadores de penalty, para não falar dos que se passeiam pelas avenidas do sensacionalismo, aplaudindo a algazarra da superficialidade…

          Mas… sejamos optimistas: a mudança está à vista. Que seja bem-vinda à Consoada da Fraternidade.

 

João-Luís de Medeiros
Rancho Mirage, California, USA
Jan. 04, 2009

 

—————-

 

 

 

João-Luís de Medeiros é natural da ilha de São Miguel, Açores, e vive nos Estados Unidos desde finais de 1980. Antes de emigrar, trabalhou no sector privado empresarial, e após a instauração da Democracia em Portugal, foi eleito parlamentar à Primeira Legislatura da A.L.R. (Horta, Faial, 1976); mais tarde, serviu como representante açoriano na Assembleia da República (Lisboa, 1978).

As suas publicações em poesia e prosa estão dispersas algures em jornais e revistas da diáspora lusófona. Desde 1976, é colunista-convidado da imprensa comunitária (coluna Memorandum). É co-autor do livro "Em Louvor do Divino" (1993); recentemente, publicou o seu primeiro livro de poemas intitulado "(Re)verso da Palavra" (2007).

João-Luís de Medeiros é licenciado ‘cum laude’ em Humanidades e Ciências Sociais (University of Massachusetts, Dartmouth); mais tarde, obteve o Mestrado em Ciências de Recursos Humanos (Chapman University, Orange, California).

 

 

 

 

 

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