The Muffled Cries: The Writer and Literature in Authoritarian Brazil 1964-1985, resultou de uma longa e extensa investigação de Nancy T. Baden (falecida a 6 de Março de 2004) sobre o estado da literatura e criação artística em geral no Brasil sob a ditadura militar, que governou o país durante mais de duas décadas. No prefácio ao livro, Baden explica a origem do seu estudo, o que despertou a sua curiosidade, como observadora da realidade brasileira mais ou menos à distância, mas creio que sobretudo como estudiosa emotivamente envolvida com toda a vida cultural do Brasil desde a sua adolescência:
Sometime events are triggers by chance. Certainly this study on the writer and literature in authoritarian Brazil (1964-1985) came about in such a way. I had been following Brazil’s difficulties from afar. One day while undertaking research at the Graduate Research Library of the University of California, Los Angeles, in the mid-seventies, I happened upon an amazing book of short stories titled 64 d.c. (64 A.D.). As I perused the volume, I began to wonder how short stories so boldly satirical of the military regime could have been published and sent abroad, given the existing system of censorship. The puzzle slowly began to come together over a period of several years. As it did, I realized that anyone who reads periodicals in bits and snatches from abroad rarely has the opportunity to come to a deeper level of understanding of the tensions, conflicts, and forces that come into play when a regime attempts to silence its writers.
Tal como no caso dos seus estudos luso-americanos , Baden sabia que não eram meras leituras ocasionais ou de um só volume que autorizariam seja quem fosse a debruçar-se sobre tão complexas realidades. Baden tinha lido To the Finland Station: A Study in the Writing and Acting of History de Edmund Wilson numa das suas cadeiras de literatura moderna na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e por certo também teria assimilado algumas das lições do seu autor. Era preciso não só visitar os países em questão, tentar viver parte do seu quotidiano, como devorar “tudo” o que uma biblioteca contivesse nas suas estantes respeitantes ao tema em foco. Fê-lo com os seus trabalhos luso-americanos, lendo os mais variados textos de página a página, o que iria eventualmente comentar ou analisar, e o que apenas lhe dava outro contexto ou marginália, debruçou-se afincadamente sobre o resto que também havia na crítica e no ensaísmo.