Amanhecer no Canal,LPNunes
SATÃ no Canal
Os desastres no Canal é, como é sabido, descritos muitas vezes por Dias de Melo: Viagem do Medo Maior ; Aquém e Além Canal. Ainda antes de ler estes livros dele, eu fui a Faial para passar as minhas férias. Como ir aos Açores fica mais barato do que regressar à minha terra natal, o Japão, preferi, evidentemente, ir aos Açores. A beleza da natureza e da paisagem é igual à do Japão.
O aeroporto da Ilha de Faial é tão pequeno como o de porta-avião, embora eu não conheça o navio da guerra, vi-o na televisão. Alguém ao lado de mim disse, de súbito, depois da aterragem, vendo o mar em frente. Vamos regressar para Lisboa. Isso foi como Touch and Go de treinamento de uns pilotos de aviões genéricos. Depois, o taxista, ao passar ao lado do porto famoso, disse-me que aqui é o Porto Pim sobre o qual não sabia nada, naturalmente, porque ainda não lia o livro Mulher do Porto Pim.
Ficando no Hotel Fayal admirei a beleza da montanha de Pico parecida a do Japão, Fuji. O empregado do hotel sabia de cor a altura da montanha. Transmiti-me com grande dignidade por saber isso. Tinha muitas meninas flamengas. No dia seguinte, tomei o pequeno barco e fui à Ilha de Pico. Depois, a São Jorge. Experimentei a Vila de São Jorge tão tranquila onde Onésimo leu o seu texto Estruturas Culturais Profundas? na Semana Cultural de São Jorge. Mar pela Proa de Dias de Melo também descreveu essa Ilha. Emanuel Felix ofereceu-me o seu livro com a linda capa de foto da Ilha. No regresso, tive medo de morrer no mar bravo que foi de manobra de SATÃ que mora no fundo do Atlântico, tal como Mar pela Proa. Muitas obras açorianas legaram os naufrágios ou os acidentes nas pescas. No início de 1900, os escritores do núcleo de Horta, Rodrigo Guerra, Florêncio Terra, Nunes de Rosa ativaram para divulgar os seus contos. Experimentei quase tudo dos Açores incluindo as obras dos contistas mas não da SATA – Air Açores. Devia usar o avião para não sentir o medo de naufrágio. Mas não do avião da TAP -Take Another Plane.
Hamaoka no Parque Musashino,Japão. Acervo Hamaoka
TOMATES de Porco
Já lá vão 20 anos quando morava em Lis(era)boa da qual o Onésimo nomeou no seu livro Rio Atlântico, eu queria sinceramente traduzir algumas obras de João de Melo. Comecei a traduzir Gente Feliz com Lágrimas. Naquela altura, o computador não estava tão desenvolvido como hoje e traduzia e escrevia à mão nas folhas grossas em Portugal. No Japão, tecnologia é diferente e são mais suaves e finas. Pensava que poderia ser só o primeiro capítulo para traduzir. Tinha muitas dúvidas. Até as palavras já conhecidas não faziam nenhuns sentidos. Quando um protagonista da obra foi batido, o autor escreveu o seguinte. Ainda sei de cor. Mais escuro que tomates de porco. Não percebi nada de nada !
Perguntei sobre isso a uma aluna bonita loira da Universidade Nova de Lisboa. Recordo-me o nome dela. Mas não digo aqui. Fui visitar a residência universitária onde ela mora. Ela desatou a rir e durante algum tempo não parou. Finalmente não me disse nada fechando a boca. Às vezes abriu a boca para continuar a gargalhar. Achei estranha. Outro dia, fui perguntar a um português. Ele disse que tomates eram os testículos. Os testículos de porcos são muito escondidos e não se vê. Então, quando alguém bate a sua cabeça contra parede ou qualquer coisa, sente-se tontura. O autor João de Melo queria expressar isso. Olha, eu pensei, naquela altura, que era melhor desistir da tradução tão difícil como esta. E desisti. Mesmo se tivesse a edição inglesa para a minha referência para comparar, ele traduziria, a meu ver, Pork Tomato Seria uma nova cozinha à portuguesa. Parece-me ser melhor do que a carne de porco à alentejana. Eu não entenderia nada. O acto de tradução está cheio destes tipos de dificuldades. O tradutor inglês traduziu os trasmontanos como behind the mountains in North East Portugal
de (Sapa)teia Americana do Onésimo. Enquanto o autor está vivo, o tradutor teria de perguntar sempre.
José Samarogo escreve com o dicionário de Aurélio do Brasil mas eu escrevo com Houaiss. Só agora consultei ao dicionário Houaiss sobre tomate Diz o mesmo. Vi, recentemente, na televisão com autoria do escritor americano Anthony informando que os brasileiros comem os testículos de vacas ou porcos assados em uns barzinhos. Detesto !