SORTILÉGIO
E preso
de encantos e medos,
Saudade!,
os teus olhos fundos, com
a noite à flor, serena, olho-os:
Surpreso
(e por que segredos,
Saudade?)
de neles ouvir um som
de água do mar nos escolhos.
O peso
que têm os teus dedos,
Saudade!
E, todavia, que bom
senti-los sobre os meus olhos…
Eduíno de Jesus “Sortilégio” Os Silos do Silêncio: poesia (1948-2004). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 2005:119.