Queen Nancy
Senhor Espírito Santo de Quem sou Irmão
da Tua Irmandade do Desterro. Abençoa
a abundância das Califórnias – a carne o vinho o pão
ofertados em nome da Tua Terceira na pessoa
desta Rainha de festejos atlânticos. Entende
o alterado código a salva o ceptro a coroa
o vasto vermelho do manto que no asfalto se estende
as lantejoulas os penachos os vidrilhos do diadema
ainda que Te lembrem adereços grotescos de cinema.
Desce em línguas de lume a Tua sabedoria
sobre Nancy efémera Rainha do Espírito Santo
na sagração da prometida Terra da Alegria.
Revela a plena maravilha e o supremo espanto
do triângulo do círculo do quadrado e o mistério
da Tua bandeira bordada a fogo e a oiro
e os enigmas inscritos no altar do Teu Império.
Aceita que Nancy só hoje Rainha represente
no puro vinho no alvo pão no sangue do toiro
os secretos sentidos de Elêusis desperto de novo.
Acolhe a Rainha do Teu dia da Tua minha gente.
Em humanal verdade te digo ela é o povo
que cruzou mares e terras num pássaro de metal
até ao Pacífico em busca da felicidade legítima.
Protege Senhor Espírito Santo a rapariga gramatical
seus enunciados terrunhos a sua sintaxe marítima.
Lança a Tua bênção à sua beleza de adolescente
seus meneios seu sorriso sua perfeição feminil.
Sobretudo alivia seus pés apertados. Não seja penitente
mas que neste dia permaneça a mulher gentil
cheia de graça Contigo seja bendita entre as mulheres
pois Nancy é Juno Gea Maria Vénus Maia Ceres.
Refresca com Teu sopro divino seu colo acalorado
não a importune o suor nem o peso da roupagem
e que uma leve brisa a toque como o vento namorado
enleia o fruto maduro que se oferece na folhagem.
Senhor Espírito Santo de Quem sou Irmão
na Tua Irmandade do Desterro. Sei que velas
por Nancy. Mas faze com que as filhas em coroação
cantem sempre o Paráclito e o júbilo da vida. Entende
na Tua sabedoria infinda procura perceber a língua delas
Holly Ghost my brother my Californian friend
Queen Nancy,
(translated by Katharine F. Baker and Diniz Borges)
Lord Holy Ghost of Whom I am a Brother
of Your Fraternity at Desterro. Bless
the abundance of the Californias – the meat the wine the bread
offered in the name of Your Terceira in the person
of this Queen of Atlantic festivities. Grasp
the altered code the silver tray the scepter the crown
the red vastness of her cape that is spread out on the pavement
the sequins the plumes the rhinestones in her crown
although You may be reminded of gaudy movie sets.
Rain down in tongues of light Your wisdom
upon Nancy ephemeral Queen of the Holy Ghost
in the consecration of the Promised Land of Happiness.
Reveal the full marvel and the supreme awe
of the triangle the circle the square and the mystery
of Your banner embroidered in flame-red and gold
and the enigmas written on the altar of Your Empire.
Accept that Nancy Queen just for today represents
in the pure wine in the white bread in the bull’s blood
Eleusis’ secret meanings wakened anew.
Receive the Queen of Your day of Your people.
In human truth I tell You she is the people
who crossed oceans and lands in a metal bird
all the way to the Pacific in search of genuine happiness.
Lord Holy Ghost protect this schoolgirl
her terrestrial pronouncements her maritime syntax.
Bestow Your blessing on her adolescent beauty
her graceful sway her smile her feminine perfection.
Above all relieve her pinched feet. Be not penitent
but on this day keep the gentlewoman
full of grace with You may she be blessed amongst women
for Nancy is Juno Gæa Mary Venus Maia Ceres.
Refresh with Your divine breath her overheated breast
may she not be bothered by perspiration or the weight of her regalia
may a light breeze touch her like a loving wind
entwine the ripe fruit that is offered on the foliage.
O Holy Ghost of Whom I am a Brother
of Your Fraternity at Desterro. I know that You will watch
over Nancy. But make the daughters in the Coronation
always sing the Paraclete and the Jubilo of life. Understand
in Your infinite wisdom attempt to grasp their language
Holy Ghost my brother my Californian friend.
(*) In: My Californian Friends,2009: 44-45.
Bilingual Edition,Portuguese Heritage Publications of California,INC.
Tradutores: Diniz Borges e Katharine F. Baker
Sobre o autor Vasco Pereira da Costa
O poeta e homem de Cultura,VASCO PEREIRA DA COSTA é natural de Angra de Heroísmo,Ilha Terceira,Açores.Graduado em “Romance Languages” pela Universidade de Coimbra. Dedicou sua carreira a promover a língua, a literatura e a cultura portuguesas, primeiramente como um professor secundário e no exercício de funções públicas destacadas como a Direção do Depto. de Cultura,Turismo e Meio Ambiente de Coimbra e a Direção de Cultura do Governo Regional dos Açores (2001-2008),organizou simpósios e conferências em Portugal, os Estados Unidos e Canadá sobre temas educacionais e literários e no desenvolvimento de atividades culturais proferiu inúmeras conferências no País e no exterior. De 1998 a 2001 foi cônsul honorário da França em Coimbra. Participou de júris do Grande Prêmio para Poetas da Associação Portuguesa de Escritores, integrou o corpo editorial do Jornal de Coimbra e consultor sobre temas pedagógicos, literários e culturais para diversos outros periódicos. Sob o pseudônimo de Manuel Policarpo, Vasco mostrou suas pinturas em diversas galerias nos Açores. A sua produção literária inclui : três livros de Ficção,Narrativa curta;cinco livros de poesia,uma novela, um de contos (Memória Breve). Recebeu os Prêmio Literários: Miguel Torga com Plantador de Palavras/Vendedor de Lérias (1984)e o Aquilino Ribeiro.
Na prosa e na poesia,Vasco Pereira da Costa,apresenta uma escrita criativa, rigorosa, sutil,rica no jogo das palavras e,sobretudo,elegante.
Um nome, uma voz forte que engrandece e dignifica as letras açorianas.
Crédito Imagem: http://www.azores.gov.pt/Portal/pt