A Editora da UFSC lançou no último dia 22 de outubro, durante a programação da 9ª Sepex (Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão) da Universidade Federal de Santa Catarina, o primeiro volume da Antologia de contos e crônicas do escritor catarinense João Paulo Silveira de Souza, intitulada “Ecos no Porão”. No mesmo evento, a Editora da UFSC, em parceria com a Editora Bernunça, lançou o livro “28 Desaforismos”, de Franz Kafka, em edição bilíngue, com tradução de Silveira de Souza.
João Paulo Silveira de Souza, escritor ilhéu,nascido em Florianópolis há 77 anos. Fundador de publicações culturais na década de 40 e integrante do Grupo O Sul,movimento literário e artístico Modernista. Silveira de Souza publicou 13 livros. Entre seus livros publicados estão O Vigia e a Cidade (1960); Uma Voz na Praça (1962); Quatro Alamedas (1976); Os Pequenos Desencontros (1977); O Cavalo em Chamas (1981); Canário de Assobio (1985); Rumor de Folhas (1996); Relatos Escolhidos (1998); e Trololó para Flauta e Cavaquinho (1999), em parceria com Flávio José Cardozo e ,o mais recente: “Janela de Varrer (2006).Membro da Academia Catarinense de Letras, o escritor exerceu diversas atividades culturais, sendo considerado um dos ícones da literatura catarinense contemporânea.Não é sem razão que em 2009 foi o escritor homenageado na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre(Rio Grande do Sul), o maior evento literário do sul do País que teve Santa Catarina como o Estado convidado.
Suas crônicas e contos apresentam como marca a “narrativa de relato curto”como pode ser constatadas nas três crônicas aqui publicadas e que estão no seu livro “Janela de Varrer”. Sua narrativa é reflexiva, sutil, como se ele também estivesse na sua janela de varrer e dali se debruçasse sobre imagens, memórias, fatos e olhares. Singular escrita que mexe com a nossa memória de afetos, com valores sociais e culturais. Silveira de Souza não quer surpreender e sim relatar e acaba instigando ao casar o rico imaginário com imagens memorialistas de Florianópolis, cenas do cotidiano que se perderam na linha do tempo como em “Uma insólita amizade” onde o sentido de perda , de falta emerge em todos os diálogos e se esvai. Aliás, este sentimento de abandono, desencontro ou perda é comum na sua literatura. Seus contos falam do mundo de suas vivências e lembranças guardadas num relicário que ele vai puxando como o coelho da cartola do mágico e nos entrega. Com sabedoria vai tecendo sua prosa conciliando o ficcional, o abstrato e tangível com referências do mundo real. Títulos simples, cenários conhecidos, acontecimentos bordados ponto a ponto e por dentro um turbilhão de sentimentos. Encontros, desencontros, descobertas, enigmas desvendados e conflitos que foram lentamente construídos, urdidos e que emergem com a força do vento sul.
Lélia Pereira da Silva Nunes
6 de novembro de 2010
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Créditos Imagens:
1. Capa livros e citação acima : http://www.agecom.ufsc.br/index.php?id=23612&url=ufsc
2. Foto de SSouza de Francine Canto