Saltar para o conteúdo
    • Notícias
    • Desporto
    • Televisão
    • Rádio
    • RTP Play
    • RTP Palco
    • Zigzag Play
    • RTP Ensina
    • RTP Arquivos
RTP Açores
  • Informação
  • Legislativas 2025
  • Antena 1 Açores
  • Desporto
  • Programação
  • + RTP Açores
    Contactos

NO AR
Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Última homenagem a um Pai muito especial
Ana Isabel Cabral
Comunidades 22 nov, 2010, 01:36

Última homenagem a um Pai muito especial Ana Isabel Cabral

Última homenagem a um Pai muito especial

 
Querido Pai, não sabes?
 Tu, o Homem de letras, tu que tão bem sabias transmitir para o papel sentimentos e emoções quase impossíveis de transmitir, tu que conversavas tanto connosco sobre tudo, partiste mudo e nunca mais nos falaste. Foste em silêncio, de mansinho, sem querer incomodar ninguém.

Vim dormir com a mãe na tua/nossa casa para ela não ficar sozinha.

São 4:15h da manhã. Não conseguia dormir e estou no teu quarto vazio onde tudo me fala de ti. Num canto, a aparelhagem com todos os CD’s alinhados onde predominava o “nosso Beethoven”. Por todo o lado, livros com que desde sempre me habituei a ver-te. Nunca te vi sem eles. Em cima da cómoda, o teu amigo de eleição, Eça de Queirós. Na mesinha de cabeceira, a biografia de Beethoven ao qual chamavas um Deus ou uma força da natureza. Reparo que no canto, junto à estante, deixaste a tua bengalinha e os sapatos ainda com as peúgas dentro. Na cadeira, a roupa que despiste ainda com o teu cheirinho inconfundível.

Mas há um silêncio inquietante no ar: a ausência, para sempre, da tua voz. Nós já tínhamos reparado nos últimos meses que tu, que eras um conversador nato e brilhante, com um carisma muito especial, andavas cada vez mais calado, cada vez mais alheado, como que a despedires-te da vida e das suas banalidades.

A tua maior alegria era juntarmo-nos todos. Adoravas a família com um amor incondicional. Tu e a mãe transmitiram-nos valores inestimáveis de tolerância, respeito e amizade. Tinhas amigos como pouca gente se pode gabar de ter.

Vais-nos fazer muita falta. Tanta, que nem tu conseguirias descrever!

Mas há uma pessoa, pequenina em tamanho mas com o interior da dimensão do mundo, que foi muito, muito especial na tua caminhada: a tua Linda, a tua pequenina, como lhe chamavas com muita ternura. Essa perdeu a sua metade, o seu outro eu. Vocês completavam-se de um modo muito especial. Tu eras a paixão, a ternura, a inquietação. Ela a paciência, o amor, a protecção, o porto seguro a que tu tinhas que recorrer para te banhares nas águas claras da sua paz. Mas descansa Pai, tu sabes, nunca a deixaremos sozinha.

Orgulho-me muito de ser tua filha. Foi-se o meu pai, um artista, um esteta. Tu que adoravas as coisas belas nem vais acreditar no que te vou dizer, sabes?

Um enterro, para mim e para qualquer pessoa normal, é uma coisa tenebrosa e eu, que sempre lidei mal com a morte, e tu sabias disso, eu que tinha horror em perder-te, eu que nunca deixei de ser pequenina ao teu lado, quase desisti, quase pensei fazer o que Chopin fez com os pais: Fugir no último minuto, fugir a ver-te seres engolido pela terra. Mas houve algo que eu não consigo explicar.

O teu enterro foi suave e belo, se assim se pode dizer. Vou-to descrever: o céu abriu-se com um sol excepcional; a tua campa mais parecia um jardim suspenso, repleto de lindas flores, e até os pássaros chilrearam em teu redor. Tu adoravas o seu canto e isso deu-me uma paz inexplicável.

À tua volta, criou-se um elo de amizade com todos nós, família e amigos de todas as idades, num silêncio cheio de unção e respeito como se, de facto, fosse a enterrar, não um homem qualquer, mas um sábio. Soubeste, acima de tudo, viver os teus sentimentos e transmiti-los por palavras e carinhos. Beijavas-nos a todos, esposa, filhos, netos e bisneta com uma ternura que não se gastava; isso é o maior legado que nos deixaste: A força do Amor.

Para nós não partiste. Continuarás a viver sempre em cada gesto, em cada reunião de família. Em cada presépio que fizermos, estarás sempre presente.

Tu que adoravas o Natal e nos transmitiste o valor da tradição, tu que dizias sempre: ” O pai natal é uma invenção americana. Esta é a festa do Menino Jesus.” estás agora nos Seus braços. Estás com o Deus que soube dar-te a morte digna a que tinhas direito.

 

Obrigada por tudo.

Adeus Pai

Tua até à eternidade,

Ana Isabel

RTP Play Promo
PUB
RTP Açores

Siga-nos nas redes sociais

Siga-nos nas redes sociais

  • Aceder ao Facebook da RTP Açores
  • Aceder ao Instagram da RTP Açores

Instale a aplicação RTP Play

  • Descarregar a aplicação RTP Play da Apple Store
  • Descarregar a aplicação RTP Play do Google Play
  • Programação
  • Contactos
Logo RTP RTP
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Youtube
  • flickr
    • NOTÍCIAS

    • DESPORTO

    • TELEVISÃO

    • RÁDIO

    • RTP ARQUIVOS

    • RTP Ensina

    • RTP PLAY

      • EM DIRETO
      • REVER PROGRAMAS
    • CONCURSOS

      • Perguntas frequentes
      • Contactos
    • CONTACTOS

    • Provedora do Telespectador

    • Provedora do Ouvinte

    • ACESSIBILIDADES

    • Satélites

    • A EMPRESA

    • CONSELHO GERAL INDEPENDENTE

    • CONSELHO DE OPINIÃO

    • CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO

    • RGPD

      • Gestão das definições de Cookies
Política de Privacidade | Política de Cookies | Termos e Condições | Publicidade
© RTP, Rádio e Televisão de Portugal 2025