oleiros da liberdade
a
Nuno A. Vieira
– fraternidade com silhueta humana
… aquilo ali será a vida?! Ó estrela d’alva
claridade a saltitar de morte em morte
nos intervalos funerários do destino…
Vida! não me cures do medo de morrer
mantém-me na rota movediça da beleza
embarcadiço na nau antiga do dever
amarrado ao mastro da incerteza…
guerra invejosa da Paz na olaria humana
barro gritante ao som da metralha
vivendo a morrer em passo de corrida
rumo à lotaria da morte que não falha…
sinto-me gota de vida atirada ao mar
para desafiar as ondas do oceano da espera
e as promessas bíblicas do verbo amar…
a fome de barro na olaria da liberdade
não sabe moldar vinganças nem assoprar rajadas
de raiva sobre os genitores da maldade…
lá vão a miséria e a dor com passo trocado
no cortejo emblemático da fartura
vigiadas pelo olhar serpejante do mercado
temeroso de que a pobreza tenha cura…
——–
joão-luís de medeiros
Inédito – Junho, 2011
FOTO DE Roberto Hunger Junior