Inauguração da Estátua da Liberdade, em 1929
Embora esta não seja a primeira estátua a ser erguida na Praia, é sem dúvida a mais conhecida. A primeira foi levantada em 1879, em homenagem a Silvestre Ribeiro, o homem que se empenhou na reconstrução da vila, após o grande terramoto de 1841.
A estátua da Liberdade, assim designada pelo seu autor, foi colocada no largo 11 de Agosto (mais tarde denominado Largo Francisco de Ornelas), no ano de 1929, por altura da comemoração do centenário da batalha que pôs em confronto, na baía, as hostes de D. Miguel e de D. Pedro. Os festejos tiveram projecção nacional, com um programa muito variado, por iniciativa da Câmara Municipal. A imprensa de Lisboa dedicou atenção ao evento, foi inaugurada uma exposição no Arquivo Histórico Militar e foi nesse ano que se publicou o Memorial da Praia, publicação orientada por Vitorino Nemésio.
O desenho da estátua é da autoria de Abraham Abohbot (1871-1959), pintor e desenhador de outras obras espalhadas por Angra. A execução foi encomendada a um canteiro do continente e a versão final acabou por não corresponder ao desenho original. O facto foi relatado na imprensa local, nomeadamente A União. Esclarece o periódico que “a posição graciosa e airosa da mulher, com as suas fartas tranças caídas naturalmente pelas costas, foi transformada numa criatura acanhada e baixa, com os cabelos presos na nuca e sem pose alguma”. Acrescenta ainda que as dimensões originais não foram respeitadas, nem a posição do açor, as dimensões do pedestal bem como as legendas.
Independentemente deste acidente de percurso, a Praia da Vitória quis assinalar a sua participação nas lutas liberais, quando nos seus areais foi desbaratada a esquadra de D. Miguel. A partir de então, ficou mais facilitado o caminho para se preparar a contra-ofensiva que se desenrolou posteriormente no continente português.
Junto da estátua está o brasão de armas que fora atribuído por D. Maria II e um açor. No pedestal em que está colocada, figuram várias inscrições alusivas ao acontecimento. Na frente, está um medalhão com uma baía sulcada de navios miguelistas, com a Praia ao fundo. Nos lados, estão inscritas legendas que referem a iniciativa da Câmara Municipal e a homenagem aos heróis de 11 de Agosto.
A estátua foi descerrada pelo coronel Silva Leal, que na altura exercia as funções de Delegado Especial do Governo nos Açores, a que se seguiu um discurso do dr. Francisco Lourenço Valadão Jr. (na foto).
Para esta cerimónia foi composto o “Hino 11 de Agosto”, com música do tenente Piedade Vaz e letra da poetisa Filomena Serpa.
Missa no areal
Por ter sido decisiva a vitória dos liberais nos areais da Praia, esta passou a ter o sobrenome da Vitória e recebeu o título de Muito Notável.
Carlos Enes