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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de As 7 viagens de Jeremias Garajau **
Urbano Bettencoutt
Comunidades 04 dez, 2011, 07:01

As 7 viagens de Jeremias Garajau ** Urbano Bettencoutt


 
Crédito Imagem Fernando Resende/TM

As 7 viagens de Jeremias Garajau

José Medeiros está de volta. E em grande, com um espetáculo ao seu jeito, em que mais uma vez combina diferentes meios expressivos para contar uma história cuja personagem central é a História açoriana, vista na sua interseção com a nacional e mesmo extranacional. Como já acontecia em «O Sorriso da Lua nas Criptomérias», também aqui se parte de um pretexto literário, neste caso o doutor Fausto e o seu pacto com o diabo. A troco de sete viagens ao passado, Jeremias Garajau (que um Belzebu em contrapé, à boa maneira vicentina, transforma em Isaías Carapau) vende a alma a Mefistófoles , um Mefisto com traços de alto funcionário de Wall Street ou do Bundesbank.
E essas viagens recuperam factos e figuras açorianos ou com os Açores relacionados, da descoberta à «respiração da terra» (terramotos e vulcões) e a essa outra «respiração» violenta da guerra, do ódio e da morte: da batalha da Salga à de Vila Franca e à da Ladeira da Velha – no palco açoriano jogaram-se, afinal, interesses que pouco tinham a ver com os Açores. E há lugar também para a recuperação do primeiro dia do «Açoriano Oriental», da ida dos «casaes» para o sul do Brasil no século XVIII, ou mesmo para a constatação do longo braço (trans-atlântico) da Inquisição. Do século XV ao século XX, estas 7 viagens traçam um percurso que se inicia no momento da descoberta dos Açores e desemboca em Abril de 1974, momento único de expectativas e de crença no futuro.
No decurso das suas viagens, Jeremias Garajau cruza-se ainda com figuras tão diversas como Diogo de Silves, Gaspar Frutuoso, Bento de Góis, com Afonso VI, o doido que o Reino despachou para a prisão terceirense, ou com o sanguinário Marquês de Santa Cruz, o tal que não fazia prisioneiros (filho de muito boas famílias, refere Belzebu). E ficam ainda pelo meio aquelas figuras miúdas cujos dramas e alegrias não entram para a história, a não ser que histórias destas no-las ponham sob os nossos olhos.
Lançando mão de meios como o canto, a dança, a representação e o recitativo, interagindo (de novo e muito bem) com o suporte vídeo, José Medeiros constrói um espetáculo em que a história e a lenda convivem sem problemas nem complexos, o popular e o erudito andam de mãos dados, o trágico e o humor funcionam em contraponto e em alternância com momentos de intenso lirismo. Um espetáculo cujo resultado final se deve também ao desempenho, coeso e homogéneo, de uma equipa reunida por José Medeiros e tão «eficaz» nas ações individuais como na composição de cenas coletivas.
De cada uma das suas viagens ao passado, traz Jeremias Garajau uma breve e misteriosa inscrição para a composição de um puzzle linguístico cuja resolução revelará o caminho do futuro. A mensagem que o puzzle nos deixa (o verso de Camões «amor é fogo que arde sem se ver») é ainda a crença no humanismo, numa renascença humanista, como solução para um outro tempo diferente deste que nos é dado viver.
Num dos volumes de «O Mundo à Minha Procura», refere Ruben A. a impressão que lhe causou chegar a Londres e ver que, no meio das ruínas provocadas pelas bombas alemãs, continuavam os concertos musicais – uma forma de sobrevivência e de resistência pela afirmação cultural. No meio das ruínas crescentes provocadas pelo fascismo financeiro que nos vai bombardeando dia após dia, agenciado por rapazes também de muito boas famílias, o espetáculo de José Medeiros é, para além do mais, uma espécie de desafio e uma prova de vida. Aqui e agora. E se não consigo, todavia, rever-me por completo no otimismo final da sua mensagem, isso é já exclusivamente uma questão minha, de feitio e perspetiva sobre o mundo.
Um grande abraço ao José Medeiros e a todos os que com ele ergueram este belo espetáculo (sério e divertido, muito pedagógico também).

Urbano Bettencourt

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Urbano Bettencourt Nasceu no Pico,vive em Ponta Delgada,São Miguel.
É Professor da Universidade dos Açores. Poeta,ensaísta,crítico literário,cronista. Sua produção literária abraça diferentes gêneros literários revelando um poeta belíssimo,um ensaista brilhante, um cronista hábil no manejo da palavra com  perspicácia,ironia sutil ,humor e frontalidade. “Que Paisagem Apagarás”  foi muito bem recebido por seus leitores e pela crítica literária.
Urbano Bettencourté, sem dúvida, um dos grandes escritores açorianos contemporâneos .

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