…pensar à sombra do tempo
Ó deuses! santos-pecadores cordiais
servos da fraqueza humana venerada
pela finitude disfarçada dos mortais…
deixai em paz o solfejo da imaginação
a espantar o doce crepitar de lumes
na pauta encardida da maldade…
no útero da dúvida, a germinar ciúmes,
há esperas magoadas pela eternidade…
os gritos de aplauso à mediocridade
esquecida no pedestal da fantasia
são hinos ao sofrimento cativo no degredo
onde sopra a brisa da justiça adiada…
Ó coragem! – leal companheira do medo
escutemos o coro da fraternidade
– vamos proteger a muralha do bem-comum
cercada pelos campeões da falsidade…
o sermão do apostolado da mentira
anuncia vaidades em “passo-de-ganso“
nas praças convertidas ao sucesso…
Sim! – vamos rasgar o evangelho da Espera
frágil cartilha da transitoriedade humana
saturada de juras de amor ao infinito…
afinal, somos enteados da fé no bom-retorno
marchando à sombra do tempo – derradeiro mito…
—***—***—
joão-luís de medeiros
Rancho Mirage, California – USA (2011)
Image from: http://farm4.static.flickr.com/3278/2708643615_a6b00639c2.jpg