Viola, Minha Rival
Sonhada pelo Leal,
Por suas mãos construída,
És a única rival
Que encontrei na minha vida.
Pelas mãos do meu amado
És porém acariciada.
O que sou eu a teu lado?
Pobre de mim, não sou nada!
Quando, nas mãos dele, choras,
Cantas, gemes tresloucada,
O que sou eu a teu lado?
Pobre de mim, não sou nada!
Mas eu não te quero mal:
És fascinante e mimosa
Viola, minha rival,
Ó minha rival ditosa.
Gosto de ti, viola amada
Porque o fazes tão contente.
Se junto de ti sou nada,
Quando te escuto, sou gente.
Vejo-te, viola mulher,
Ao seu peito aconchegada.
Quero estar do mesmo jeito,
Quando fores por mim trocada.
Maria das Dores Beirão, In:Beijo de Abelha
Portuguese Heritage Publications Of California,2004
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(*) A poeta Maria das Dores Beirão é natural da Freguesia de S.Bento.Ilha Terceira,Açores.Vive nos Estados Unidos desde 1967.No livro Beijo de Abelha, de Maria das Dores Beirão, encontramos “um percurso existencial marcado profundamente pelo seu arreigamento às raízes, às coisas e pessoas
que lhe são caras e íntimas. Saudemos pois o esforço do seu canto, o alcance e o tom poético da sua voz entre a fascinante guitarra da vida” como bem diz o escritor Eduardo Pinto Bettencourt Pinto no texto de apresentação do livro da autora em Vancouver,2004.
(**) Hélio Beirão numa performance na California,EUA. A foto é de autoria de José Ferreira de Sacramento, Sociedade Português da Califórnia Histórico e Cultural, em 23 de abril de 2006.
Ver em:http://www.inolongerlikechocolates.com/sacto.htm