Os Meninos de Mindelo (Cabo Verde)
– Meu Primeiro Poema
Desolada e triste
aquela Ilha
Meninos com fome
que brincam nas ruas
Meninos e trapos
como velas rasgadas
dum navio de piratas
que ali aportou
São meninos mulatos
de olhos acesos
que a fome o frio
tingiram vermelhos
Que estúpido lugar para nascer ilha
O olhar dos meninos
são como faróis
de navio naufragado
Que vai parando
Que vai parando
Desolada e triste
aquela ilha
Carlos Patrício Faria
Outubro de 1952
Crédito imagem:http://www.ecaboverde.com/img54.htm
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Sobre Carlos Faria,o poeta…
Carlos Patrício Barata Faria nasceu em Golegã em 2 de maio de 1929 e faleceu em 16 de janeiro de 2010. Ribatejano, Carlos Faria, foi o mais apaixonado dos poetas, da segunda metade do século XX, pelas ilhas dos Açores (em particular S. Jorge).
Co-fundou no Arquipélago páginas literárias, algumas delas tornaram-se célebres como Glacial (A União) e Basalto (Correio dos Açores), tendo feito e reforçado amizades com os literatos insulares, so quais acompanhou durante décadas nas suas aventuras literárias
Era delegado de propaganda médica encartado, mas o seu bilhete de identidade é a Poesia. Publicou, entre outros, Distância Azul (1957), Marinheiro Bêbado (1959), Rosto e Diálogo (1966), S. Jorge (Ciclo da Esmeralda Perdida) (1979; 2ª. ed. 1992).