Andorinha dos Ramos Floridos
Passou em tempos uma andorinha
– No seu voar que sonho me revela?
Pelos ramos floridos que contemplo
Nas tardes de Maio
Da minha janela.
Adejou misteriosa
Em torno dos perfumes e das cores
No jardim que o vento desfolha.
E silenciosamente
Levou nas asas trémulas a arfar
O encanto das horas em que eu olho as flores,
E desapareceu ao longe
Na linha do mar.
Levou… para onde?
O sonho que flutuava sobre a Vida
A janela da minha solidão,
Voltada para as rosas desfolhadas
Que o vento deitou no chão.
Olho todas as tardes da janela,
Quando Maio solta
De novo o manto sobre a terra e a Vida,
– A ver se as asas regressam
Com a certeza e o sol do meu primeiro sonho…
Mas a andorinha não volta
Não sei onde anda perdida.
Tristeza, deixa-me olhar…
– Ó andorinha dos ramos floridos,
Porque não tornas a passar?
Tomás da Rosa,
Miragem do Tempo, [Angra do Heroísmo], União Gráfica Angrense, 1956
Açorianidade – 105 [Tomás da Rosa, “Andorinha dos ramos floridos”. Tributo, “Outros Versos”]
Tomás da Rosa Pereira Júnior (1921-1994), professor, escritor, poeta, natural da freguesia de Candelária, ilha do Pico, viveu e trabalhou na cidade da Horta e aí faleceu.
Imagem de
http://www.wpclipart.com/animals/birds/B/Barn_Swallow.png.html