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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Quatro Açorianos  Na Vanguarda do Pensamento Português *
NUNO A.VIEIRA
Comunidades 01 ago, 2012, 01:13

Quatro Açorianos Na Vanguarda do Pensamento Português * NUNO A.VIEIRA

Quatro Açorianos
Na Vanguarda do Pensamento Português

O professor, autor e conceituado investigador do Centro de Literatura e Cultura Lusófonas da Faculdade de Letras de Lisboa (CLEPUL) – Miguel Real – em março de 2011, publicou um volumoso manual universitário (1029 páginas) intitulado O Pensamento Português Contemporâneo 1890-2010, com o subtítulo de O Labirinto da Razão e a Fome de Deus, em publicação de Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Miguel Real debruça-se sobre a reflexão filosófica escrita em Portugal nos séculos XIX, XX e XXI e “analisa dezenas de autores, correntes de pensamento, grupos reunidos à volta de publicações, tendências e vozes isoladas, divididas em três fases principais…”. O investigador inclui quatro autores açorianos na lista dos grandes pensadores portugueses: Teófilo Braga (racionalismo), Antero de Quental (do espiritualismo metafísico ao racionalismo), José Enes (a decadência do providencialismo e a emergência de um novo racionalismo) e Onésimo de Almeida (vertente modernista).

1.Teófilo de Braga, (1843-1924), é natural de Ponta Delgada e teve o privilégio de em vida poder apreciar <> das suas ideias. Foi chefe do governo em 1911 e presidente da República em 1915. A sua vida e ideologia, não obstante vastamente atacadas, foram de grande impacto na política do Estado. O autor não hesita em afirmar que << nenhuma atitude de um pensador português contemporâneo possuiu uma tão forte extensão e consequências sociais como as de Teófilo de Braga >>.

Teófilo de Braga marca o pensamento português do século XX através de cinco atitudes revolucionárias: 1) A ciência é axiologicamente mais importante que a filosofia. 2) A razão é mais importante que o espírito. 3) O que a Europa considera culturalmente moderno é mais importante do que o passado de Portugal. 4) A Europa é o destino de Portugal. 5) A República é superior à Monarquia.

Miguel Real afirma que a base essencial do pensamento de Teófilo de Braga é constituída pelos estudos de Direito e Literatura no qual mais tarde << se enxertarão o republicanismo e o positivismo, não como apêndices, mas como ramos sólidos e duradouros>>.

2. Antero de Quental, (1842-1891), nascido também em Ponta Delgada, é considerado por Miguel Real <>. No campo das ideias e no da poesia contemporânea equipara-se respetivamente a Teófilo de Braga e a Fernando Pessoa. Parafraseando Miguel Real, a influência de Antero fez-se sentir nas instituições filosóficas e educativas e no dia a dia da República.

A singularidade da obra de Antero de Quental não permitiu que o autor tivesse discípulos; é uma obra para a qual não há passado nem futuro próximo, <>. É uma obra que consta de um número infinito de admiradores e escritores temáticos, mas sem precursores. É assim que, entre outros, gradualmente se descobrem diferentes Anteros: O Antero do inconsciente, o Antero existencialmente amargurado pela ideia de Deus, o Antero noturno e luminoso, o Antero sumamente espiritualista, o Antero decadentista, o Antero alimentado por uma sede universal de justiça, o Antero utopista.

Nas palavras de Miguel Real: << Antero de Quental estatui-se, no pensamento português contemporâneo, como uma espécie de tufão revolucionário, cujo centro suga para si todos os traços e vertentes da cultura portuguesa de então (literatura, religião, filosofia, história, política ou seja, conflito monarquia-república, conflito positivismo-metafísica, conflito poesia romântica e modernismo, conflito espiritualismo clássico, espiritualismo moderno e materialismo evolucionista, conflito história imperial de Portugal e história decadentista de Portugal...) >>

Miguel Real explica o suicídio de Antero de Quental nos seguintes termos: <<É do seio desta tensão que nasce o seu suicídio: a ânsia de Absoluto, de Infinito, de Eternidade, de posse e domínio de uma Ideia, refletida primeiro na virulência apocalíptica de revolução e da rutura, e, depois, a partir de 1975, regressada em forma de profunda angústia, expressa nas ideias de Deus e de Morte nos seus Sonetos.>>

3. José Enes nasceu nas Lajes do Pico em 1924 e reside em Lisboa. Doutorou-se em escolástica tomista na Universidade Gregoriana de Roma. Foi professor no Seminário de Angra e na Universidade Católica Portuguesa; for vice-reitor da Universidade Aberta e professor fundador e primeiro reitor da Universidade dos Açores. A qualidade e originalidade da sua obra levam Miguel Real a considerá-lo como < >. A sua vida pública e a sua obra escrita foram absorvidas por três paixões: a Poesia, os Açores e a Filosofia.

Nesta sua publicação, Miguel Real refere-se a duas obras de José Enes. A primeira é a Autonomia da Arte cuja < > e <> através da distinção moral e ontológica entre verdade e beleza) é saber se o artista, quando elabora uma obra de arte, só há de seguir a luz de critérios artísticos, ou se pode ou deve obedecer a critérios morais, filosóficos, religiosos, políticos, pedagógicos, científicos, técnicos, sem prejudicar o valor artístico da obra de arte. >>

A segunda obra – À Porta do Ser – <>. O autor explica: À Porta do Ser designa o ex-sistir do intuito abrindo-se expectante e perguntativamente, no estado de vigília e através do sentir, ao re-sistir da coisa. Este é o núcleo experiencial. Nele se processa a apercepção ontológica na qual o intuito pergunta, verifica, ratifica e aceita o ser dos seres na congenitinidade e comunidade do mesmo mundo.

O pensamento de José Enes fundamenta-se nos seguintes três pontos: 1. O intuito. 2. O sentir como conaturalidade do homem ao mundo. 3. A metáfora como motor criador da linguagem e verdadeira expressão do Ser. O filósofo ao falar do intuito afirma que <>

As desconstruções filológicas introduzidas por José Enes constituem um enriquecimento do léxico da língua portuguesa. – José Enes, nas palavras de Miguel Real é <>.

4. Onésimo T. Almeida, também natural de São Miguel e aluno de José Enes, reside em Providence, no Estado de Rhode Island, onde é professor na Universidade Brown. Miguel Real considera tarefa difícil <> porquanto, além do Onésimo cronista cultural e ficcionista, existem dois outros Onésimos – o filósofo e o pensador da história intelectual portuguesa.

Como filósofo, esclarece Miguel Real que Onésimo evidencia <>. Esta é a descrição que Miguel Real faz de Onésimo: “Realista na atitude em filosofia; realista no estilo em literatura; culturalista na análise de temas de ciências sociais; culturalista no estabelecimento da forma literária dos seus escritos ficcionais – eis, em síntese, Onésimo como um todo, desde qu
e acrescente, quanto ao estilo, o jogo irónico >>. Continua: <>,

O seu léxico filosófico é composto de vocabulário comum. A sua ficção demonstra um background profundamente cultural com referências a << títulos de livros ou nomes de autores da cultura portuguesa, europeia e americana>>. Contrariamente à ironia séria dominante nos escritores portugueses, << a ironia de Onésimo possui um caráter ético e aproxima-se da de algumas personagens de Gil Vicente: trata-se da ironia estoico-epicurista de quem não se leva excessivamente a sério...>>.

Ainda, em referência à ironia de Onésimo, Miguel Real escreve: “Não existe melhor exemplo da ironia como postura sentimental e racional de Onésimo que o remate da história narrada na crónica <>: <>.

As obras filosóficas mais importantes de Onésimo são: The Concept of Idelogy (1980), De Marx a Darwin (2010) e o ensaio <> (2006). Este ensaio <<é notável pelo carregamento de conhecimentos acumulados e pela profunda análise a que sujeita o pós-modernismo...>>. <<...as análises filosóficas de Onésimo comportam a existência de dois planos: um, o plano da existência, < o que é >, linguística e humanamente objetivo… o outro, < o que deve ser >, subjetivo, da ordem da culturalidade, relativista segundo quadros sociais e informações doutrinárias e educativas, consubstanciadas em credos e convicções individuais e coletivas. >> Em paráfrase, no que se refere à ausência de uma fundamentação racional última e exclusiva para a ética (Deus, a Razão, o Bem Absoluto, a Justiça Absoluta…), Onésimo adverte que o filósofo deve usar o << (re)conhecimento da ignorância como saudável atitude fundacional e acrescenta não possuir << respostas globais nem globalizantes, que estas procedem mais de um afã humano ilusório de cerrar a esfera do conhecimento, tranquilizando a consciência, do que de um verdadeiro, rigoroso e fundamentado conhecimento da realidade:>>

Os seguintes são alguns dos tópicos filosófico-culturais de Onésimo: a questão da origem dos valores, o conceito de ideologia, a questão da identidade, o “quando” e o “como” da afirmação de Portugal no campo cientifico e a existência de uma literatura açoriana. As palavras são de Miguel Real: “Em conjunto com Joaquim Barradas de Carvalho e Luís de Albuquerque, Onésimo tem sido o autor que nos seus estudos, mais insistentemente tem valorizado a prestação científica portuguesa na aurora da ciência moderna”.

Onésimo traça, desta maneira, o seu percurso existencial: que “só se consciencializou micaelense quando foi estudar para Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira; quando partiu para Lisboa, constatou que era açoriano, e na .” Miguel Real, no contexto da sua obra, conclui: “Onésimo é, simultaneamente… açoriano, português, europeu e americano, tendo recebido, portanto, forte influência de quatro diferentes padrões culturais, mentalidades sociais e mundividências éticas, nenhum rejeitando e todos integrando, porventura privilegiando maximamente os padrões açoriano e americano”.

Sobre o autor NUNO A. VIEIRA:

Natural da Ilha das Flores, Açores,1942. Estudou no Seminário de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira. Emigrou para os Estados Unidos em 1968. É Licenciado em Humanidades e Ciências Sociais pela Universidade de Massachusetts em Dartmouth e Mestre em Educação Bilingue (ensino do Inglês,Segunda Língua, no Boston State College.Diplomou-se, pelo Departamento de Educação de Boston, em Português, Espanhol, Latim, Inglês e Psicologia Escolar. Por 36 anos lecionou Espanhol, Latim e Português, no Liceu de Stoughton, na área de Boston. Há cerca de 20 anos é professor de Espanhol, Latim e Português em Universidades do estado e particulares,na área de Boston. Nos últimos anos, tem sido uma presença constante nos jornais Portuguese Times (New Bedford), A União (Terceira), Sol Português (Toronto), As Flores (Ilha das Flores) e na revista Atlântida com a publicação de inúmeros artigos.

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