Nota: Adelaide Sodré – mais uma surpresa —
Há dias, o meu amigo Olegário, no seu “Porque Hoje é Sábado”, onde publicita um poema açoriano semana, trouxe-me a novidade de um soneto de uma Adelaide Sodré, que nasceu no início do século XX em Angra do Heroísmo era enfermeira e depois fez-se freira e foi para Paris. O poema deixou-me muito curioso. Tentei saber mais. Troquei emails com o Olegário e ele disse-me que ela vinha incluída no livro Três Poetisas Angrenses, que o Monsenhor José Machado Lourenço publicara no Instituto Açoriano de Cultura.
Eu tive esse livro (era assinante das publicacões do IAC), mas perdi-o.
Consultei electronicamente a biblioteca da Brown e encontrei-o. Porque estava no Anexo (um armazém imenso para onde vão livros raramente requisitados – fica longe da universidade e há uma camioneta que faz serviço diário trazendo e levando livros), demorou dois dias. Chegou e estive a vê-lo. Foi requisitado duas vezes: em 1999 e em 2000.
De entre os poemas dela incluídos no dito livro, para além daquele que o Olegário nos trouxe, gostei particularmente deste:
Tédio
Passo oa olhos apenas p’los jornais;
Percorro, vagamente, a “Ilustração”.
Em nada me ficou presa a atenção:
Só política e crónicas banais…
Vou ler o Ardel, das sugestões morais,
Da feminina e fútil emoção.
Mas não me int’ressa! Talvez Wilde então:
– Paradoxos vibrantes, musicais!
É perverso, não quero… Vou sair.
Afinal é forçoso desistir
Porque é já tarde e chove. Que arrelia!
Sento-me à secretária. Que fazer?
E o busto do Eça, vendo-me a escrever,
Tem um rictus de esplêndida ironia.
Angra do Heroísmo, 1927
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Nota: O Blog Comunidades, também curioso com a poeta pesquisou os dados Biográficos sobre ADÉLIA SODRÉ (freira):
N. Angra do Heroísmo, 17.5.1903 – m. Paris, ? (depois de 1982)] Poetisa. Educada pelo tio materno Frederico Augusto Lopes da Silva.
Era uma inspirada poetisa que publicou em diversos jornais, mas nunca reuniu em livro a sua poesia. Foi premiada nos Jogos Florais da Câmara de Angra de 1924. Em 1937, Elmiro Mendes, seu amigo da juventude, reuniu num opúsculo seis sonetos, em sua homenagem. Monsenhor Machado Lourenço incluiu uma recolha de poesia de Adelaide Sodré no seu trabalho Três poetisas angrenses. J. G. Reis Leite
Obras. (1937), Sonetos. Angra do Heroísmo, Livraria Editora Andrade. (1982), Antologia in Três poetisas angrenses. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura: 94-116.
Bibl. Lourenço, J. M. (1982), Três poetisas angrenses. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura: 89-93.
in: Centro do Conhecimento dos Açores