SAUDADE
Há paisagens dispersas
no olhar espelhado
e sonhos cansados
e rumos perdidos
e ventos irados
e amores vendidos
e dedos quebrados
e segredos idos
e tantos navios
de mastros partidos
que o sal deste mar
foi chorado aos ais
quando a gente inventou
se perder noutro cais!
PALAVRAS QUE BUSCO
Há palavras que nascem para serem cantadas
há palavras que rasgam a proa do futuro,
outras recolhem-se para serem sonhadas
E outras ainda se escondem no escuro.
Há palavras de vidro, palavras quebradas,
há palavras queimadas, feitas esturro,
das palavras que busco, nas asas e fadas,
aquelas que encontro são feitas de nada.
Avelina da Silveira. Na Metamorfose do Tempo: Palavras de Tecedeira. Ponta Delgada: Coingra- Editorial Eter, 1995, pg. 32 e 63.
De mãe florentina e pai micaelense, Avelina da Silveira nasceu em Angola e viveu em São Miguel durante os anos mais significativos do seu percurso pessoal. Em 1986 emigrou para o Canadá. Na Universidade de Guelph (Ontario-Canada) licenciou- se em Psicologia e História. Seguiu estudos de pós-graduação na Universidade de Toronto, onde recebeu o Mestrado em Sociologia da Educação.
Publicado no Comunidades no dia 22 de Marco de 2011