Saltar para o conteúdo
    • Notícias
    • Desporto
    • Televisão
    • Rádio
    • RTP Play
    • RTP Palco
    • Zigzag Play
    • RTP Ensina
    • RTP Arquivos
RTP Açores
  • Informação
  • Legislativas 2025
  • Antena 1 Açores
  • Desporto
  • Programação
  • + RTP Açores
    Contactos

NO AR
Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de COMER – Mário T Cabral
Comunidades 28 jul, 2014, 13:27

COMER – Mário T Cabral

COMER

Mário T Cabral, 27 de Julho AD 2014   

     Certa vez, Madre Teresa de Calcutá foi convidada, por um canal televisivo de Nova York, para aparecer num daqueles programas que passam à hora do pequeno-almoço. Com alguma lógica, os intervalos eram preenchidos com publicidade a comida variada, desde pão de forma a diversos tipos de cereais – tudo, claro está, sem gordura, sem açúcar, sem corantes ou conservantes, sem EEE… enfim, quase sem fermento. Passados uns tantos “breaks”, a Beata, que era muito divertida, como deve ser um santo – para além de ter passado a vida, como é sabido, a tentar arranjar comida que pusesse algo entre a pele e o osso dos mendigos –  exclamou: “Estou a ver que Jesus Cristo está a fazer muita falta na televisão.” O dito causou impacto nos States. 
     A paranoia das dietas entra em contradição com a moda generalizada dos “gourmets”; estes opostos, que é frequente encontrar na mesma pessoa, desmascaram a luxúria e a gula. Se a Madre Teresa visse os programas de culinária que há atualmente! A coisa ainda é mais intrigante quando se sabe que as mulheres que trabalham fora se queixam de não ter tempo para cozinhar. Bulimia e anorexia são doenças que nos embaraçam mais do que a sida; revelam muito deste complexo decadentista, que também atacou o império romano, como vem nos livros e se vê nos filmes de Hollywood. 
     Ter gosto em comer, que deveria constituir um dos atos mais normais de um ser animal, tornou-se de tal modo aberrante que ficamos embaraçadíssimos com os casos de anorexia e bulimia, mas não nos envergonhamos de chocar a Madre Teresa com aquele tipo de anúncio. Já não se assiste a anedotas sobre homossexuais, de tal modo o lobby conseguiu demonstrar a violência implícita nelas; ou sobre as mulheres-galinhas (“Archie!”)… mais depressa há violência no tratamento do homem, na publicidade. Também não se publicita tabaco ou álcool… mas não nos envergonhamos de chocar a Madre Teresa com aquele tipo de anúncio. 
     Se pensarmos, então, em comparar as dietas com o jejum religioso, hi, hui, no que é que fomos tocar! Deveriam ser os crentes a ofender-se com esta comparação sem pés nem cabeça! Mas não! Mas não! A maioria dos cristãos nem sequer faz jejum! E qual é o argumento principal dos ateus? A saúde, sempre a saúde: que se deve comer de três em três horas, que não faz bem ficar sem comer tanto tempo e isto e aquilo. Não se pense lá que as dietas não são seguidas pelA dietista, isto tudo é muito científico, o que é que pensas?! Comer de três em três horas! Que graça contaria Madre Teresa a propósito deste preceito? Quanto à ciência… bom, tem dias: acaba de ser descoberto que as pessoas mais gordas safam-se melhor depois dos enfartes… e esta?! 
     Com a esperança de que a Madre Teresa tenha mais o que ler no Céu do que esta crónica, pensemos na estética, pura e simplesmente. Por incrível que possa parecer, ninguém põe em questão o dogma da santíssima magreza. Todos os valores são relativos, menos o da magreza, menos o de ser sexy! Há aqui ditadura, não há? E, depois, há isto: são muito magrinhas para baixo e inchadas de silicone para cima, que é o contrário do gosto da Mãe Natureza. Parecem fragatas macho em época de cio. 
     Os cínicos romanos, que viveram numa sociedade muito parecida, comparavam-nos a um tubo com um buraco em cada extremidade e, no centro, um saco de tripas. Jesus Cristo é mais digno ao declarar que nem só de pão vive o homem.
Mário Cabral Natural da Terceira, Açores, é Doutor em Filosofia Portuguesa Contemporânea, pela Universidade de Lisboa, com Via Sapientiae – Da Filosofia à Santidade, ensaio publicado pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda (2008). Para além do ensaio, publica poesia e romance. O seu livro de ficção (O Acidente, Porto: Campo das Letras) ganhou o prémio John dos Passos para o melhor romance publicado em Portugal em 2007. 
Está traduzido em inglês, castelhano e letão. Também é pintor.   
RTP Play Promo
PUB
RTP Açores

Siga-nos nas redes sociais

Siga-nos nas redes sociais

  • Aceder ao Facebook da RTP Açores
  • Aceder ao Instagram da RTP Açores

Instale a aplicação RTP Play

  • Descarregar a aplicação RTP Play da Apple Store
  • Descarregar a aplicação RTP Play do Google Play
  • Programação
  • Contactos
Logo RTP RTP
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Youtube
  • flickr
    • NOTÍCIAS

    • DESPORTO

    • TELEVISÃO

    • RÁDIO

    • RTP ARQUIVOS

    • RTP Ensina

    • RTP PLAY

      • EM DIRETO
      • REVER PROGRAMAS
    • CONCURSOS

      • Perguntas frequentes
      • Contactos
    • CONTACTOS

    • Provedora do Telespectador

    • Provedora do Ouvinte

    • ACESSIBILIDADES

    • Satélites

    • A EMPRESA

    • CONSELHO GERAL INDEPENDENTE

    • CONSELHO DE OPINIÃO

    • CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO

    • RGPD

      • Gestão das definições de Cookies
Política de Privacidade | Política de Cookies | Termos e Condições | Publicidade
© RTP, Rádio e Televisão de Portugal 2025