A Emergência da Mulher: Re-Visões Literárias sobre a Açorianidade. Lisboa: Chiado Editora, 2014. ISBN 978-989-51-1490-0
Introdução -15
Capítulo I:
Açorianidade e Autoridade – 27
1. A Literatura das Ilhas no Processo de Definição da Especificidade Açoriana – 37
2. Outras Vozes da Discussão acerca da Literatura Açoriana – 43
3. Uma Abordagem à Literatura Açoriana pelo Meio da Mulher -47
3.1. A Sereia ou a Alma Feminina dos Açores -59
3.2. A Negociação do Valor da Mulher na Comunidade -65
Capítulo II:
Açorianidade e Figuração do Feminino: Uma Dupla Condição Animal -.71
1. O Mito Açoriano ou a Constatação de uma Natureza Animal -73
2. A Contiguidade entre Seres Humanos e Animais nos Açores -79
2.1. Uma Vida Animal para Se Dizer o Mal Estar -85
2.2 Tornar-se Pombo ou Pomba para Se Ser Cão ou Cadela -91
2.3. Para o Discurso da Alegria -101
Capítulo III:
Para uma Arqueologia da Mulher na Ficção de Vitorino Nemésio -117
1. O Posicionamento da Mulher no Meio dos Homens -119
2. A Mulher no Pensamento de Vitorino Nemésio -127
2.1. Homens entre Muros -137
2.2 Mulheres atrás de Muros -145
2.3 Mulheres à margem do Muro- 159
Capítulo IV:
De Volta às Margaridas do Universo Açoriano de Vitorino Nemésio – 171
1. A Excecionalidade de Um Nome – 173
2. A propósito de Margarida na Escrita de Autores Açorianos -183
3. A Negociação entre Uma Família ou Um Eu – 191
3.1. Antes de Se dizer Eu-Margarida -195
3.2. O Direito a Ser Margarida -203 Conclusão -227 Notas -233
Referências Bibliográficas -249
O índice é uma das partes que revisito quando tenho de falar deste livro. Aí estão concentrados todos os meus argumentos. Este é um ensaio que tem no índice o seu cartão de identidade e a sua genealogia: a pesquisa de arquivos açorianos lado a lado com a teoria dos estudos culturais. A carreira em espiral de tudo o que conduziu a esta obra resultou do fazer sentido que emerge dos conhecimentos adquiridos e procurados durante o tempo em que se sobrepõem o crescimento pessoal e o amadurecimento do regíme autonómico dos Açores, passando pelo currículo da licenciatura na Universidade dos Açores nos anos 80 que me permitiu ainda aprofundar o conhecimentos dos textos açorianos e conhecer alguns dos críticos que estão muito presentes neste livro. Recordo o saudoso Professor José Martins Garcia ou os momentos de intensa partilha do Professor Machado Pires e da Professora Margarida Maia Gouveia. Mas é ao nível da pós-graduação nos Estados Unidos que vou conhecer a flor de sal que me permitiu ensaiar um olhar comparatista e feminista sobre a figuração da mulher na escrita açoriana. Porque, as mulheres, somos pelo menos metade da sociedade das Ilhas, porque dominam as avaliações masculinas sobre as figuras femininas da cultura açoriana, e também porque existem menos vozes femininas a fazerem crítica literária e cultural nos Açores.
Há teóricos e teóricas que iluminam este ensaio: Hélène Cixous, Luce Irigaray, Jacques Derrida, Roland Barthes, Michel Foucault, Deleuze e Guattari, Rosi Braidotti. O livro está aí para ser lido e questionado. Não me quero alongar nesta lista que esquece outros nomes. Por outro lado, foi, de facto, o chamamento do intervalar e do silenciado, do questionamento à ordem falocêntrica, que me levou à abordagem dignificadora de um texto como Amores da Cadela Pura de Margarida Victória, em diálogo com o Caderno de Caligrafia e Outros Poemas a Marga de Vitorino Nemésio (com um muito obrigada ao Professor Luís Fagundes Duarte pelo seu trabalho de edição do Caderno).
New Bedford, Massachusetts: 5 de fevereiro de 2015