Laborinho Lúcio e Onésimo Almeida, a Nazaré e os Açores
«Quem ouviu, ouviu; quem não ouviu não sabe o que perdeu» – apetece começar com este lugar-comum a propósito da espantosa apresentação do livro «Minima Azorica» de Onésimo Almeida feita por Laborinho Lúcio na Casa dos Açores na noite do dia 6 de Fevereiro. Aos olhos de um leigo a escolha de alguém da Nazaré para apresentar um livro sobre a literatura açoriana pode parecer insólita mas o resultado do encontro foi uma festa de sabedoria, conhecimento e sentido de humor. A imagem do magistrado, do ministro, do político não passa de uma imagem e o segredo está na permanência de Laborinho Lúcio como ministro da República nos Açores. Somos um país pequeno e tudo está perto. Não admira que as melhores páginas sobre a Nazaré tenham sido escritas por um autor da Foz do Douro – Raúl Brandão (1867-1930). Em «Os pescadores» leio na página 150 os nomes de barcos, chatas e lanchas: «Formosa Ana», «Luz do Sol», «Senhora da Memória» e «Mar da Vida». São nomes belíssimos e a propósito de nomes vejo na página 151 alguns nomes de pescadores- o Joaquim Chita, o Carlos Petinga, o Rebola, o Bexigas, o Esgaio, o António Azeitona. Fico por aqui nos nomes porque este Azeitona deve ser avô do Azeitona desta fotografia da equipa de futebol sendo o seu autor alguém dos também nazarenos estúdios Laborinho. E o Esgaio deve ser bisavõ do Ricardo Esgaio jogador do Sporting Clube de Portugal. O texto de Raúl Brandão é de 1923 e em 1953 quando eu era pequeno ainda as mulheres dos pescadores iam a Santa Catarina vender peixe. Escreve Raúl Brandão: «Pela manhã põem-se a caminho para as Caldas (20km) ou para Alcobaça (12km) com o peso de duas ou três arrobas à cabeça. Em tempos chegaram a ir a Santarém, acompanhando o burro com a carga e trotando ao lado da alimária».
José do Carmo Francisco
