Os Açores e os Açorianos do outro lado Atlântico
Por razões políticas que não vêm para o caso, visitei esta semana os Açores e os Açorianos do outro lado Atlântico. Ou melhor, revisitei. E revi ou conheci personalidades e instituições que afirmam a nossa Diáspora e orgulham a nossa Região.
Foram sete dias em treze cidades da América do Norte.
No Canadá, Montreal na Província do Québec e Toronto e Brampton na Província do Ontário.
Nos Estados Unidos da América, a capital Washington DC, mas também Boston, Cambridge, Hudson, Dartmouth, Fall River e New Bedford no Estado de Massachusetts e ainda Providence, East Providence e Pawtucket no Estado de Rhode Island.
Foi uma curiosa coincidência com o convite que me fez o Mário Jorge Pacheco para passar a colaborar com o seu novo programa “Entre Cantos e Marés” através de crónicas regulares sobre a diáspora açoriana.
Aliás, envio esta primeira cronica diretamente da Nova Inglaterra, na costa leste dos Estados Unidos da América – uma das expressões mais representativas da açorianidade no mundo.
Serva esta crónica, essencialmente, para recordar e valorizar alguns dos nomes que agora contatei, em jeito de homenagem coletiva a todas as tantas entidades que preservam e dignificam o sangue açoriano no continente americano.
Aqui ficam alguns exemplos apenas, entre muitos outros possíveis.
Começamos por Montreal, a maior cidade da província francófona do Québec e a segunda mais populosa do Canadá.
Visitamos aqui, por exemplo, a Casa dos Açores do Quebeque, fundada em 1978 e presidida pelo emigrante micaelense Benjamim Moniz, que ainda em setembro acolheu a assembleia geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores constituído pelas 15 instituições congéneres existentes no continente português e no Canadá, nos Estados Unidos e na Bermuda, no Brasil e no Uruguai.
Encontramos aqui, por exemplo, Duarte Miranda, o emigrante micaelense que foi vice-presidente do “Royal Bank of Canadá” para o Comércio Mundial e que mereceu da República Portuguesa o grau de Comendador da Ordem de Mérito.
De Montreal viajamos agora para Toronto, a maior cidade do Canada e a quarta maior da América do Norte.
Entre tantas associações de identidade açoriana, destacamos aqui, por exemplo, a Casa dos Açores do Ontário, fundada em 1986e presidida pela luso-descendente Suzanne Cunha, que, como as demais, festeja o seu Espírito Santo, promove a sua Semana Cultural, dinamiza o seu Grupo Folclórico.
Entre tantas personalidades com ligação aos Açores, distinguimos aqui, por exemplo, o simpático e importante Ministro das Finanças do Governo do Ontário, Charles Sousa, nascido no continente português mas casado com uma emigrante micaelense.
Da capital da província canadiana do Ontário passamos para a capital dos Estados Unidos da América.
Em Washington DC, no emblemático edifício do Capitólio, encontramos sangue açoriano em três congressistas norte-americanos que representam três distritos eleitorais significativos da nossa diáspora no grande Estado da Califórnia.
Desde logo, o influente congressista Devin Nunes, que agora preside à Comissão dos Serviços Secretos do Congresso Federal dos Estados Unidos das América. Os seus avós são de S. Jorge e do Pico.
Mas também os congressistas Jim Costa e David Valadão, este como vice-presidente do Comité da Agricultura do congresso norte-americano. São ambos filhos de emigrantes provenientes da ilha Terceira.
Se passarmos agora de Washington para Massachusetts e da política para a economia, encontramos em Boston o empresário mariense António Frias, fundador e presidente da terceira maior empresa de construção em cimento de todos os Estados Unidos da América, a comemorar 50 anos de existência.
Mas é em New Bedford, com um museu baleeiro de cumplicidade açórica, e em Fall River, com uma réplica monumental das Portas da Cidade de Ponta Delgada, que vamos encontrar as maiores concentrações açorianas deste Estado norte-americano que partilha connosco as marés do Atlântico.
Aqui se encontra agora sedeada a Casa dos Açores da Nova Inglaterra, fundada em 1982 por emigrantes notáveis como Heitor de Sousa ou John Correia e presidida atualmente pela jovem micaelense Nélia Alves-Guimarães.
No seu vizinho Estado de Rhode Island, o mais pequeno da América do Norte, encontramos, por exemplo, o filho de micaelenses Daniel da Ponte, eleito em 1998 para a State House de Providence como o mais jovem Senador de sempre.
Distinguimos assim sete personalidades e três instituições com representação ou relação açoriana, a título de exemplo, de entre muitas outras, igualmente interessantes e importantes, que revemos ou conhecemos nos últimos dias por terras insulares da América do Norte.
Homenageamos desta forma, entre cantos e marés, uma diáspora que nos distingue e valoriza como povo que se projeta e agiganta para o Novo Mundo.
Quando atravessamos o Atlântico e nos sentimos em casa, só falta uma palavra para todos os que cá estão: OBRIGADO!
José Andrade – Jornalista, com vários livros publicados sempre em defesa dos Açores, dos Açorianos e das Comunidades Açorianas espalhadas pela América.
Em especial,tem se dedicado na difusão cultural, no intercâmbio e na aproximação entre as Comunidades da Diáspora e os Açores. José Andrade,açoriano de São Miguel, é Deputado da Assembléia Regional dos Açores.