Tradições de Natal
Muda o mundo, mas o Natal é sempre Natal, com toda sua magia, encanto e tradições a anunciar que a cada ano a Natividade acontece. Traz esperanças em abundância e o desejo potencializado de confraternizar, de festejar, de acreditar que o milagre da Noite Santa se reproduzirá nos 366 dias do próximo ano que será bissexto.
Cada um a seu jeito, de acordo com suas tradições e culturas celebrará o renascer de um novo tempo esteja a onde estiver. Seja num branco e frio Natal do hemisfério norte, seja no Natal ensolarado, brasileiro, do hemisfério sul.
O verdadeiro encanto do Natal catarinense está na essência do celebrar no seio das famílias, entrelaçando usos e costumes vindos pelos caminhos do mar com os açorianos, germânicos, italianos, gregos, eslavos, árabes. Identificados na rabanada, no weinachtbrot (bolo de Natal dos austríacos), no panettone no stollen ou no frucht brot” (pão doce de frutas cristalizadas), no honigkuchen (pão de mel), no knafeh (sobremesa árabe), nos curambiedes (biscoitos amanteigados gregos) e no kutiá (pudim de trigo coberto com mel, sementes de papoula e passas, dos eslavos) e até os brownie’s típico bolo americano. Iguarias que no caldear étnico foram enriquecidas com o saber dos índios e o tempero inigualável da cozinha africana. Convergência de Culturas. Multiculturalidades tecidas na grande teia da vida e guardadas num velho caderno em algum armário da cozinha. Receitas de família que passaram de mão em mão. Quem não tem uma receita especial que aprendeu com sua mãe e avó? Por tradição oral ou rabiscadas no caderno amarelecido pelo tempo com as letras quase inelegíveis? Dádiva do seu amor e registradas para sempre como “cheiro de Natal” uma marca tatuada em receitas criativas, lembrança do ingrediente mágico da cozinha das nossas avós e mães e, hoje, reproduzidas com igual carinho por nossas netas.
Já parou para pensar… Quando você estiver repetindo, mais uma vez, aquela “receita da vovó” estará partilhando do patrimônio cultural de várias gerações, salvaguardando a sua memória familiar e a da nossa gente.
Tudo isso faz parte da magia do Natal que aproxima gerações no calor de afetos fecundos, no forte abraço trocado e nos desejos renascidos ao pé do Presépio. Sim, nada mudou. É Natal! Tradições seculares que revivificam a fé e a crença na humanidade e nos fazem sonhar um Mundo de Paz.
Na esperança do Milagre do Presépio.
Por um 2016 Feliz!
Lélia Pereira Nunes, escritora.
Academia Catarinense de Letras
Presidente da Câmara de Letras do Conselho Estadual de Cultura
Dezembro de 2015