Tributo a Malinverni Filho
O jornalista e escritor Moacir Pereira apresenta-nos num texto jornalístico, de leitura cativante, a dimensão mágica do pintor das Araucárias e do talentoso escultor lageano Agostinho Malinverni Filho em “Malinverni Filho – A vida pela Arte (Ed.Insular,2016). A obra, numa edição primorosa, em suas 160 páginas ilustradas com as belas pinturas e esculturas do artista, dignifica a biografia deste pintor nascido na serra catarinense que ousou do pincel na descrição cromática e onírica dos Campos de Lages. Seu olhar alargado, inquieto, como vento minuano, gaudério, abraçou o mar pintando suaves marinhas. Sem sombra de dúvida, um extraordinário interprete da paisagem regional brasileira.
No bailar preciso do cinzel ergueu esculturas eternizando no bronze personalidades da terra. Na sua arte maior, descortina-se a expressão de seu sentir marcado por idiossincrasias políticas locais e regionais que o magoaram sem, contudo, arrefecer os múltiplos talentos do notável artista. A concessão da Bolsa de Estudos na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro por Aristiliano Ramos e seu posterior cancelamento numa atitude política de Nereu Ramos, são passagens marcantes de sua biografia contextualizadas por Moacir Pereira e referenciadas no texto prefacial de Sérgio da Costa Ramos.
Nascido em 1913 na cidade de Lages, o menino Agostinho, desde a tenra idade mostrou seus dotes no desenho e nas primeiras telas pintadas com tinta a óleo. Com o pai aprendeu a moldar a pedra, a sentir a beleza da forma esculpida.
Em Malinverni Filho – A vida pela Arte, a trajetória artística, as inúmeras premiações recebidas destacando o 1° lugar na Exposição Geral da Escola Nacional de Belas Artes com a pintura “Rua Taylor” em 1936. Dezenas de exposições, entre individuais e coletivas, realizadas nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Uma carreira consolidada e reconhecida para além das fronteiras brasileiras. O retorno à Lages em 1947, o casamento com Maria do Carmo de Castro Lange, a “Dona Mariechen” – a mulher amada, parceira e, hoje, fiel guardiã de sua história arte. A criação em 1957 da “Escola de Belas Artes Agostinho Malinverni” e fechada por falta de apoio oficial.
Janeiro de 1971, o artista partiu. Para trás, no cavalete, a pintura inacabada, o pinheiro imortalizado.
Ficou para sempre sua arte, testamento iniludível de seu amor à terra natal, à Santa Catarina.
Agora, o tributo de Moacir Pereira ao artista plástico Malinverni Filho.
Já não era sem tempo!
Nota: publicado no Diáro Catarinense,Florianópolis. Fev.2017