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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Mário Cabral – «O Meu Livro de Receitas» – Receita Para Agosto
Comunidades 13 ago, 2017, 18:19

Mário Cabral – «O Meu Livro de Receitas» – Receita Para Agosto

Mário T. Cabral
9 de Junho de 1963-10 de Agosto de 2017

Principais obras:

  • O Mistério da Casa Indeterminada (romance, Companhia das Ilhas, 2016)
  • Via Sapientiæ: Da Filosofia À Santidade – o fundamento cristão do pensamento
    português ilustrado a partir de Delfim Santos, Agostinho da Silva e Teixeira de
    Pascoaes
    (ensaio filosófico, Imprensa Nacional -Casa da Moeda, 2009
  • Tratados (poesia, Companhia das Ilhas, 2012)
  • O Acidente (romance, Porto: Campo das Letras – Prémio John dos Passos para o melhor
    romance publicado em Portugal em 2005-2006, 2005)
  • O Livro das Configurações (romance, Porto: Campo das Letras, 2001)
  • O Meu Livro De Receitas (poesia, Guimarães: Pedra Formosa, 2000)
  • História Duma Terra Cristã (crónicas, ed. autor, 1995) 
Tem ensaios espalhados por livros e revistas académicas a nivel internacional. 

Mário Cabral também é pintor, com exposições feitas em Lisboa e nos Açores. Os desenhos inclusos em Tratados pertencem a Eudemim: O Regresso ao Belo (Sinestesias) – (exposição de 53 desenhos). Desenhou a capa de livros que integra a série "Interdisciplinary Studies in Diasporas" Peter Lang International Academic Publishings.       
————————————

RECEITA PARA AGOSTO

Viajam em Agosto, vão às ilhas gregas tirar fotografias para mostrar aos amigos no Inverno
Nas praças italianas desenvolvem xenofobia nipónica, sobem e descem o Nilo, compram «souvenirs»
Os mais aventureiros experimentam os bem denominados "palcos de guerra" -mas não fazem a dieta local.
– A receita para a divinização não é esta, digo-lhes eu, mas já vão demasiadamente longe para ouvir
Demasiadamente longe demasiadamente longe demasiadamente longe 
Quanto a mim, enclausuro-me na sombra das árvores e escrevo versos extensos, à maneira de versículos.
O ritmo estival é assim estendido, lento, basto como os sucos vitais.
Tenho a certeza de que procuram o elixir da Felicidade e não sabem oh
Oh e o pior é que não querem saber que Agosto é o mês exacto para receber a Plenitude
Em nossa casa, bastando para o facto enclausurar-se na sombra das árvores
Distraidamente a contemplar as carpas dos tanques sem idade.
Talvez ao longe se consiga ouvir distorcido pela onda do calor da tarde um rádio em emissora popular
Os barcos, estes, vêem-se como reflexos no azul azul da minha ilha helénica.
O meu século turistou da mesma forma que comeu «hamburgers» e vestiu Levi’s 501
A ideologia fica comprovada no facto de não terem apreciado a Poesia.À noite, os grilos, as rãs e os cagarros desfazem a argumentação histórica
E eu, que porque não embarco não me esqueci ainda da fala dos animais
Traduzo-lhes o poema de Göran Palm, que começa assim:
"Enquanto o sol brilhar sobre nós ou sobre as nuvens, é
Domingo, Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta ou Sábado
Mas as noites permanecem sem nome, recusam-se a ser baptizadas."
E antes de a Morte vir ofertar-nos o sono gratificante
Concedem-nos os deuses benéficos os meses de Verão, entre todos o de Agosto
O mês dos Campos Elíseos, o tempo sem trabalho, sem conquista, sem expectativa
Cheio da Verdade que a fala dos homens recusa e por fim desmente.
O meu leão da Serra da Estrela arrasta-se para a sombra da figueira, eu sorrio a pensar
Na forma bem comportada como até os meus amigos mais irreverentes obedecem ao humanismo
E bebo mais um pouco do meu refresco de frutas com muito gelo
Os barcos, estes, vêem-se como reflexos no azul azul da minha ilha helénica
À noite, os grilos, as rãs e os cagarros desfazem a argumentação histórica
E eu, que porque não embarco não me esqueci ainda da fala dos animais
Traduzo-lhes o poema de Göran Palm, que começa assim:
"Enquanto o sol brilhar sobre nós ou sobre as nuvens, é
Domingo, Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta ou Sábado
Mas as noites permanecem sem nome, recusam-se a ser baptizadas."
Cegam a alma com os olhos. Que há de novo para dizer? De novo
A quinta da tia Carmelo, que ficava na Roma Antiga
Melhor dito, no campo romano das bucólicas de Virgílio.- A receita para a divinização não é esta, grito-lhes eu, mas já nasceram demasiado longe para ouvir.

Mário Cabral, «O Meu Livro de Receitas» (poesia, Guimarães: Pedra Formosa, 2000) 
 
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