OH MAR QUEM ÉS TU
Oh mar que tens tu nas profundezas?
Tão fundo como um buraco sem fundo,
Serão tamanhas grandezas,
Que se ocultam nesse mundo?
Por ti já navegaram marinheiros,
Homens de grande coragem!
Mas são poucos os aventureiros,
Que chegam à outra margem.
Não tens sentimentos,
Porque és feito de água e sal,
Só provocas sofrimentos,
A quem nunca te fez mal.
Sonhos de em ti encontrar
Um caminho muito melhor!
Para a algum lado chegar,
Sem sequer pensar no pior.
Afundas navios com a tua raiva,
Mas isso para ti não importa.
Nem sequer Deus te curava,
Se te batesse à porta.
Se tivesses algum coração,
Não te zangavas facilmente,
Deixavas eu dar-te a mão,
Para estarmos juntos novamente.
Nuno Cabral,
in Poeta Perdido,
Lx., Minerva, 2003.
de Freitas (1979), técnico de gestão agrícola, natural da freguesia de Ponta
Delgada, ilha das Flores, onde reside e trabalha.