O Governo dos Açores lançou hoje uma plataforma que vai permitir que os médicos possam pedir a primeira consulta de especialidade hospitalar de forma digital e acompanhar o cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos.
“Vamos garantir que o processo, do ponto de vista da utilização da plataforma, seja mais célere, mais eficaz, dê uma melhor resposta ao doente e que haja aqui uma melhoria dos cuidados de saúde, para que o próprio doente possa ter acesso à informação”, afirmou, em declarações aos jornalistas, a secretária regional da Saúde e Segurança Social (PSD/CDS/PPM), Mónica Seidi.
A governante falava, em Angra do Heroísmo, à margem da apresentação do Sistema Integrado de Referenciação e de Gestão do Acesso à Primeira Consulta de Especialidade Hospitalar, que vai arrancar, numa fase inicial, no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira.
O sistema, que garante interoperabilidade entre as diferentes entidades, vai permitir que haja uma lista de espera única nos Açores para consultas de especialidade.
Até agora os pedidos eram feitos em papel, o que atrasava o processo, devido ao percurso de entrega dos documentos e à demora no esclarecimento de dúvidas na fase da triagem.
“Muitas vezes é necessário voltar a pedir informação à entidade de origem para que se consiga caracterizar melhor a solução clínica que temos entre mãos”, explicou Mónica Seidi.
Com esta plataforma, “com um simples clique o utente entra no circuito” e todas as noites é feita “a atualização da posição do utente na lista de espera”.
Segundo a titular da pasta da Saúde, está prevista “uma rastreabilidade e um processo de auditoria mais eficaz e eficiente” das listas de espera de consultas hospitalares e serão emitidos relatórios com os dados atualizados, à semelhança do que já acontece na área cirúrgica.
“Nos casos em que os tempos máximos de resposta garantidos sejam ultrapassados, o Serviço Regional de Saúde terá de encontrar mecanismos para dar resposta ao utente”, salientou.
Foi hoje publicada uma portaria que define novos tempos máximos de resposta garantidos nos Açores, para “aproximar o Serviço Regional de Saúde daquilo que é feito ao nível do Serviço Nacional de Saúde” e para introduzir “novos critérios, do ponto de vista dos doentes oncológicos e no caso da insuficiência cardíaca, numa perspetiva de melhoria”, revelou Mónica Seidi.
No caso das consultas de especialidade hospitalar, referenciadas pelas unidades de saúde, o tempo máximo de resposta garantido não deve ultrapassar os 30 dias se a situação for muito prioritária, 60 dias se for prioritária ou 150 dias se for normal.
Em situação de doença oncológica suspeita ou confirmada, a primeira consulta de especialidade hospitalar deve ocorrer no máximo dentro de 30 dias, se a prioridade for considerada normal, e em situação de doença cardíaca suspeita ou confirmada, a primeira consulta de cardiologia não deve demorar mais de 30 dias em doentes eletivos (nível 1).
Numa fase inicial, a plataforma vai funcionar apenas com as unidades de saúde das ilhas Terceira e Graciosa e o Hospital da Ilha Terceira, mas o objetivo é, até ao primeiro trimestre de 2025, abranger todos os sistemas do Serviço Regional de Saúde.
O sistema está integrado no projeto do Hospital Digital dos Açores, orçado em 30 milhões de euros e financiado na íntegra pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
No início de dezembro, o executivo açoriano pretende lançar também a versão inicial do portal e da aplicação do utente, num projeto-piloto que deverá envolver cerca de 1.000 utentes na ilha de São Miguel.
O portal deverá estar disponível a todos os utentes no primeiro trimestre de 2025 e até ao final desse ano a meta do executivo, para aceder ao PRR, é contabilizar 25 mil acessos.
Lusa