à minha irmã Conceição Cesário Dores
Pertenço a uma geração que foi (bem) educada sem que os nossos pais fossem altamente
instruídos. Digo isto porque ainda há muito boa gente que confunde educação com instrução –
dois conceitos que sendo complementares não são coincidentes e, na minha opinião, não podem
nem devem ser sobrepostos.
instruídos. Digo isto porque ainda há muito boa gente que confunde educação com instrução –
dois conceitos que sendo complementares não são coincidentes e, na minha opinião, não podem
nem devem ser sobrepostos.
Entendamo-nos. A educação é da competência da família. A instrução é da competência da
escola. Bem sei que não é exatamente este o entendimento de alguns iluminados das novas
teorias ligadas ao fenómeno educativo, tão iluminados que vão deixando as nossas escolas às
escuras… Mas, como pai e professor, não tenho dúvidas de que a educação pertence, em
primeiríssimo lugar, à família. Aliás, o ditado popular bem que avisa: “Casa de pais, escola de
filhos”.
escola. Bem sei que não é exatamente este o entendimento de alguns iluminados das novas
teorias ligadas ao fenómeno educativo, tão iluminados que vão deixando as nossas escolas às
escuras… Mas, como pai e professor, não tenho dúvidas de que a educação pertence, em
primeiríssimo lugar, à família. Aliás, o ditado popular bem que avisa: “Casa de pais, escola de
filhos”.
A instrução (que hoje tem o pomposo nome de “processo ensino-aprendizagem”) é,
efetivamente, do domínio escolar. Acontece que educação e instrução, que implicam uma
dificuldade e uma complexidade, estão hoje altamente comprometidas. Em primeiro lugar porque
vivemos numa sociedade deseducada em termos de cultura, valores e princípios; em segundo
lugar porque de há muito que a família está em crise e deparamos com este dado sociológico
inapelável: as relações entre pais e filhos horizontalizaram-se, isto é, deixaram de ser hierárquicas,
e muitos pais encontram sérias dificuldades em controlar os progenitores, dentro e fora de casa.
efetivamente, do domínio escolar. Acontece que educação e instrução, que implicam uma
dificuldade e uma complexidade, estão hoje altamente comprometidas. Em primeiro lugar porque
vivemos numa sociedade deseducada em termos de cultura, valores e princípios; em segundo
lugar porque de há muito que a família está em crise e deparamos com este dado sociológico
inapelável: as relações entre pais e filhos horizontalizaram-se, isto é, deixaram de ser hierárquicas,
e muitos pais encontram sérias dificuldades em controlar os progenitores, dentro e fora de casa.
Ora, a escola, no seu sentido mais lato que vai do 1º ciclo ao ensino superior, tem como
objetivo primordial o de transmitir conhecimento, e não propriamente o de educar, até porque
para tal sempre lhe faltam as estratégias e os meios. Mas há quem persista em ver a escola como
uma espécie de panaceia que cura todos os males do aluno, e o professor como uma espécie de
mago capaz de resolver todos os problemas da sociedade. Com 40 anos de docência em cima de
mim, de uma coisa tenho eu a certeza: sem o interesse, sem o empenhamento e sem a
colaboração da família a escola pouco ou nada poderá fazer em termos educativos.
objetivo primordial o de transmitir conhecimento, e não propriamente o de educar, até porque
para tal sempre lhe faltam as estratégias e os meios. Mas há quem persista em ver a escola como
uma espécie de panaceia que cura todos os males do aluno, e o professor como uma espécie de
mago capaz de resolver todos os problemas da sociedade. Com 40 anos de docência em cima de
mim, de uma coisa tenho eu a certeza: sem o interesse, sem o empenhamento e sem a
colaboração da família a escola pouco ou nada poderá fazer em termos educativos.
Educação e instrução. Os tempos que correm não ajudam a clarificar estes dois conceitos.
As novas tecnologias da informação e da comunicação, a par das linguagens pragmáticas do
económico, do social e do político tomam hoje conta das nossas vidas e vieram baralhar as coisas.
Assistimos, nas redes sociais, à legitimação do insulto, ao triunfo da desinformação, das fake news
e a toda uma avalanche de parvoíces. Infelizmente é este mundo virtual que informa e enforma as
nossas crianças e os nossos jovens.
As novas tecnologias da informação e da comunicação, a par das linguagens pragmáticas do
económico, do social e do político tomam hoje conta das nossas vidas e vieram baralhar as coisas.
Assistimos, nas redes sociais, à legitimação do insulto, ao triunfo da desinformação, das fake news
e a toda uma avalanche de parvoíces. Infelizmente é este mundo virtual que informa e enforma as
nossas crianças e os nossos jovens.
Não há muitos anos falava-se do idealismo futurista da internet, mas esta tornou-se numa
fonte de destruição e receio. E, quando na cabeça de muita e desvairada gente, deixa de haver
uma distinção clara entre o que é verdadeiro e o que é falso, é obvio que estamos perante uma
séria ameaça à democracia.
fonte de destruição e receio. E, quando na cabeça de muita e desvairada gente, deixa de haver
uma distinção clara entre o que é verdadeiro e o que é falso, é obvio que estamos perante uma
séria ameaça à democracia.
A realidade é esta: na “austera apagada e vil tristeza” em que se tornou Portugal, nós
temos o sistema de ensino que criámos. Por isso o problema da escola continuará a ser o
problema da família. E isto porque a escola reflete forçosamente a sociedade que temos e que
construímos. É esta a escola que temos, não é outra. A sociedade que construímos é esta, não é a
norueguesa, nem a canadiana, nem a australiana…
temos o sistema de ensino que criámos. Por isso o problema da escola continuará a ser o
problema da família. E isto porque a escola reflete forçosamente a sociedade que temos e que
construímos. É esta a escola que temos, não é outra. A sociedade que construímos é esta, não é a
norueguesa, nem a canadiana, nem a australiana…
Acima de tudo tem-nos faltado pactos e compromissos educativos que nos libertem da
tensão do imediato, do ato eleitoral mais próximo e permitam conferir continuidade e
estabilidade às políticas estruturantes do nosso sistema de ensino.
tensão do imediato, do ato eleitoral mais próximo e permitam conferir continuidade e
estabilidade às políticas estruturantes do nosso sistema de ensino.