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Este conteúdo fez parte do "Blogue Graciosa Online", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Sobre algumas alcunhas étnicas dos Açores
Graciosa Online 27 mai, 2021, 13:50

Sobre algumas alcunhas étnicas dos Açores

Crónica de Victor Rui Dores

As alcunhas étnicas açorianas remontam aos séculos XVII e XVIII e são uma excelente
fonte não só para o estudo da psicologia das gentes dos Açores, pela crítica e ironia que traduzem,
como também pelas achegas que nos trazem sobre o modo de viver em sociedade do nosso povo. 

Designações criadas por indivíduos, que não os da própria terra, as alcunhas étnicas surgem
em forma de sátira para dar a conhecer as idiossincrasias dos ilhéus. 
Os investigadores Luís da Silva Ribeiro (1882-1955), na ilha Terceira, e Francisco Carreiro
da Costa (1913-1981), na ilha de São Miguel, são os autores que mais desenvolveram esta temática.
Neste escrito limito-me à caracterização geral das alcunhas por cada ilha dos Açores, tal como
ficaram registadas no nosso imaginário. Assim: 

1. Santa Maria – cagarros

    
Esta alcunha deve-se à existência de muitos cagarros que habitavam a ilha de Santa Maria e que,
em tempos antigos de miséria, serviam de alimentação aos marienses. 

2. São Miguel – coriscos! ou almas de pau!
   
Duas interjeições. Às vezes acrescentado de mal-amanhado, corisco significa "raio", "diabo", ou
"diacho" referindo-se ao micaelense como pessoa imprevista e imprevisível. Alma de
pau
 significa desapiedado, gélido, impassível.  

3. Terceira – rabos tortos ou alferes

    
Rabo torto era o nome que se dava na Terceira ao cão de fila. Este nome tem origem no facto de
estes cães apresentarem irregularidade na articulação dos primeiros ossos coccígeos, produzindo um
desvio na direção da cauda com a aparência de um S. Esse "desvio na direção da cauda" é hoje
associado a meneios de homossexuais…
    Alferes está ligado ao elemento militar que sempre existiu na Terceira, ilha que foi por duas vezes
capital do reino: resistiu às pretensões de Filipe II de Espanha e, mais tarde, no século XIX,
desempenhou ação importante no triunfo do liberalismo. 
Sobre algumas alcunhas étnicas dos Açores4. Graciosa – tinhosos ou burros
   
Duas alcunhas altamente depreciativas: a primeira é dada pelos terceirenses, já que "vento
tinhoso" é o vento que sopra “das bandas” da Graciosa”. Tinhoso vem de tinha – doença cutânea
grave e contagiosa… A segunda alcunha prende-se com a existência, noutros tempos, de grande
quantidade de burros na “ilha branca”. Resta lá hoje o burro anão (raça autóctone). 

5.
 São Jorge – patacos falsos, capitães ou inhameiros
    
O "pataco" era uma moeda de cobre que valia 40 reis, foi criado pela Junta Governativa do Reino
em 1811 e suprimido em 1882. Era sempre avultado o número de patacos falsos em circulação. Daí
a alcunha que faialenses e picarotos deram ao jorgense: "pataco falso" é uma pessoa ressabiada e
dissimulada.
    Capitão é, neste contexto, um regionalismo açoriano que significa bacio… 
    Inhameiros, alcunha que noutras ilhas se dá ao jorgense pela abundância de inhames que em São
Jorge eram cultivados. 

6. Pico – picaroto ou cachalotes
 
Até finais do século XIX era altamente depreciativo chamar picaroto ao picoense. Hoje deixou de o
ser. 
Cachalote foi, durante muito tempo, a forma de tratamento depreciativa dada aos picoenses porque
estes se distinguiram na caça à baleia. Mas também porque o homem do Pico é geneticamente alto,
forte, vigoroso, rijo, entroncado e corpulento. Cachalote também se diz de uma pessoa gorda. 

7. Faial – contrabandistas espertos
 
Em julho de 1874, encontrando-se na Terceira em busca de terapia para os seus males, Antero de
Quental, em carta dirigida ao seu amigo Oliveira Martins, relatava que havia recolhido naquela ilha
um antigo provérbio que assim rezava: "São Miguel, burgueses ricos; Terceira, fidalgos pobres;
Faial, contrabandistas espertos". 

Contrabandistas espertos remete para o papel que a Horta outrora desempenhou como porto
marítimo e mercantil onde se carregava pastel, laranja, vinhos, etc, e onde faziam escala os navios
baleeiros que operavam por estes mares e onde, por consequência, muitas amizades se contraíam
com gentes embarcadiças e muito contrabando necessariamente seria feito… 
8. Flores – lapujos
    
Lapujos, por (supostamente) os florentinos gostarem muito de lapas. 
9. Corvo – águias       
A águia reporta-se à moeda de ouro americana. Águias porque os corvinos são tidos como
espertos e desconfiados… 
Obviamente que nada disto é para ser levado a sério. Ficou-nos apenas o velho hábito, bem
português, de gostarmos de escarnecer dos nossos vizinhos… 




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