"Falar dos Açores na República, entre os dois governos, é também falar de Agricultura, nas suas várias vertentes e problemáticas, e a ministra faltou ao encontro", afirmou, em declarações à Lusa, o titular da pasta nos Açores, António Ventura.
O presidente e vários membros do Governo Regional dos Açores reuniram-se na quinta-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, com o primeiro-ministro e outros ministros do Governo da República.
À saída da reunião, tanto o primeiro-ministro, o socialista António Costa, como o presidente do Governo Regional dos Açores, o social-democrata José Manuel Bolieiro, destacaram o bom relacionamento que tem havido entre os dois executivos desde que o atual Governo Regional, da coligação PSD/CDS-PP/PPM, tomou posse, em novembro de 2020.
O secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, que esteve presente no encontro, estranhou, no entanto, a ausência da titular da pasta no Governo da República, Maria do Céu Antunes.
"De imediato solicitámos uma reunião à ministra da Agricultura com todos os temas que levávamos na bagagem para serem debatidos na cimeira. Como não foi possível, esperemos que a ministra nos possa atender o mais rapidamente possível", avançou.
António Ventura acusou o Governo português de "esquecer propositadamente a produção de leite", alegando que os vários protestos do setor não fazem "eco" no executivo da República.
"Portugal não está preocupado com este setor. Prepara-se para ao longo dos tempos esquecê-lo. E esquecê-lo é aumentar a oportunidade de outros países exportarem para Portugal. Nós não queremos ser arrastados para o fundo com este entendimento do Governo da República", salientou.
Numa altura em que os produtores de leite dos Açores ameaçam reduzir o efetivo, face ao preço praticado pela indústria, o secretário regional da Agricultura disse que o executivo açoriano vai continuar a fazer "pressão política" junto do Governo da República "para recordar a existência desse setor e a necessidade da sua sobrevivência e do seu desenvolvimento".
"Portugal é, entre aspas, o caixote de lixo da Europa. Recebe todos os excedentes lácteos, quer de Espanha, quer de França, a preços muito baixos. Torna-se difícil competir em Portugal. Não há uma política direcionada para este setor. Há políticas direcionadas para outros setores, para este não há. E isto torna difícil a nossa atuação a nível regional", criticou.