10ª FLIP – FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY – Ouvindo dos Escritores as suas Escolhas
O encerramento da 10ª. Festa Literária Internacional de Paraty, no último dia 8 de Julho, foi assinalado com um momento único e de grande emoção “Livro de Cabeceira” compreendeu a leitura de trechos de obras que os autores convidados apresenaram a uma platéia atenta,numa verdadeira sagração da poesia, do conto, da crônica e do romance presentes nas suas escolhas.
O escritor Amin Maalouf foi o primeiro a ler e escolheu um trecho do livro de memórias O mundo que eu vi, do austríaco Stephen Zweig. O capítulo, intitulado O mundo da segurança, fala do estado de bem-estar em que se vivia na Áustria antes do nazismo e sua escolha, ainda que não explícita, soou como uma homenagem ao Brasil, país que Zweig escolheu para viver seus últimos dias.
A escolha de Dany Laferrièrre foi ler o conto Funes, o Memorioso, de Jorge Luís Borges, que narra o reencontro com o personagem Irineo Funes, uma das figuras míticas do escritor argentino. Já Dulce Maria Cardoso preferiu o primeiro texto em prosa publicado pelo português Herberto Helder, intitulado Os passos sem volta, considerado por alguns críticos como o maior poeta português depois de Fernando Pessoa.
Enrique Vila-Matas repetiu o mesmo poema que havia lido seis anos atrás, na Flip. E leu mais uma vez Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra, de Fernando Pessoa por seu heterônimo Álvaro de Campos. Depois dele, Zoé Valdez escolheu Lygia Fagundes Telles, e leu o trecho final do conto O moço do saxofone, publicado no livro Antes do baile verde.
Ian McEwan selecionou o denso conto intitulado Os mortos, parte de Os Dublinenses, de James Joyce, no qual um homem redescobre o amor por sua mulher ao ouvir dela, de passagem, um comentário sobre o jovem que se havia deixado morrer por ela.
Javier Cercas preferiu o final de Dom Quixote, de Cervantes, capítulo intitulado Feliz mal entendido, quando o cavaleiro da triste figura retorna para casa, curado de sua loucura mas agonizante dos sofrimentos de sua aventura. No leito de morte, Quixote manda buscar o tabelião, Sancho Pança e sua sobrinha e herdeira, para ditar seu testamento. Em meio às lamentações do escudeiro, ele encerra sua história: “Já fui louco e sou são”.
Para marcar os 50 anos, dois dias e 17 horas que, segundo ele, se completavam naquele momento em relação à morte de William Faulkner, Juan Gabriel Vasquez escolheu aquele que considera “o mais faulkneriano dos escritores latino-americanos”, o uruguaio Juan Carlos Onetti, de quem passou a ler um trecho de O estaleiro.
Luiz Fernando Veríssimo, o último escritor a apresentar suas preferências literárias comunicou que iria ler um texto de uma coletânea de crônicas mas só contaria no final o seu autor. Leu, então, a crônica intitulada Imaginação, que termina como uma ode à literatura: “Sento e sinto e vejo,em criação única,pessoal e intensa,porque ninguém materializou isso para mim. Estou só – eu com minha imaginação. E e um livro”. Assim terminava a crônica “Imaginação”. “Millôr Fernandes”, revelou Veríssimo
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