A abertura da Primavera coincide com o aniversário de 177 anos da eclosão da Guerra dos Farrapos,data importante para a historiografia brasileira e, muito especialmente, para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A insurreição tramada por Bento Gonçalves e outros líderes liberais e maçônicos, no casarão de uma estância de Pedras Brancas (hoje,município de Guaíba) espalha-se como um rastilho de pólvora por toda a província e chega à Santa Catarina.
Uma revolução liberal que lutava por mais autonomia e combatia os altos impostos cobrados no comércio de couro e charque, importantes produtos da economia do Rio Grande do Sul do século XIX. No entanto, passo a passo, ante os reveses e as contigências, o movimento revolucionário levanta a bandeira separatista culminando com a proclamação da República Riograndense (ou Piratini) a 11 de setembro de 1836 e a República Catarinense (ou Juliana) na histórica cidade de Laguna a 24 de julho de 1839, ameaçando a integridade do Império brasileiro. A assinatura do tratado de paz do Ponche Verde a 1º de março de 1845 deu fim a mais sangrenta guerra civil do Brasil e reintegrou o Rio Grande à comunhão nacional.
No episódio juliano da epopéia farroupilha sobressai a figura de uma mulher destemida, corajosa que passaria à história como “a heroína de dois mundos”, uma figura legendária nas lutas liberais dos dois lados do Atlântico, Brasil e Itália – Anita Garibaldi (1821-1849).
O Setembro primaveril em que celebrammos 177 anos da Revolução Farroupilha assinala,também o aniversário do pintor WILY ZUMBLICK . Ele que com mestria brincava com as cores, registrou o cotidiano da nossa gente, cultuou suas crenças, com paixão cantou Santa Catarina e fez da “Bandeira do Divino” uma presença constante na sua obra pictórica, o que lhe valeu o título de “Pintor das Bandeiras do Divino.(…)
Cronista do pincel, no seu estilo inconfundível, em traços simples e realistas, matizados de um forte humanismo, fez uma leitura visual fascinante da saga de Ana Ribeiro de Jesus, Aninha do Bentão, Anita Garibaldi, descrevendo com talento, sabedoria e muita sensibilidade a trajetória da brava e apaixonada mulher, orgulho da sua terra “barriga-verde”.
Zumblick deixa o seu pincel corporificar os momentos que marcaram fortemente a história de Anita e de uma guerra entre irmãos brasileiros. Numa concepção de intenso movimento, cheia de cromacia e muita luz, dá vida às formas e figuras, deixa fluir a emoção e nos remete ao imaginário, levando-nos a viajar no tempo daquele cenário histórico de lutas e de tantos sonhos de liberdade e igualdade e ir ao encontro de uma mulher e de um punhado de homens que deram à vida para fazer prevalecer os seus ideais de humanidade.
Fecho os meus olhos, a madrugada avança, escuto o vento sul, minuano que chega de roldão, frio,seco, desde a quietude das plagas lagunenses ou das coxilhas lageanas, sibilando histórias de um tempo que vive em mim e no coração da gente sulina.
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