A Caminho do Ouro, de Marli Cristina Scomazzon e Jesse Salgado
Há 166 anos a Ilha fervia por conta da corrida do ouro na Califórnia, região pouco antes tomada ao México. O mundo passou por aqui e veio se encontrar na Vila de Nossa Senhora do Desterro, comprovando uma vez mais – e desde sempre foi assim – o caráter cosmopolita da antiga cidade que, em meados do século XIX, contava com cerca de 6 mil habitantes (9 mil na Ilha) espalhados por suas 46 ruas.
Nessa época, os Estados Unidos ainda eram um país dividido pelas Américas, ou seja, as Costas Leste e Oeste não conversavam entre si e tinham enorme dificuldade para se encontrar. Mas isso também não devia fazer muita diferença, pois a grande San Francisco era o porto de um vilarejo com apenas 459 almas, índios (supondo que tivessem alma) incluídos na contagem.
Mas então deu-se o grito de "Ouro!" e soou o tiro que desencadeou a corrida em direção à Califórnia. E o caminho para a Califórnia passava quase necessariamente pela Ilha de Santa Catarina, que se viu invadida: em 1849, a cada dia contavam-se até doze navios dos Estados Unidos fundeados nos portos locais, enquanto 600 estadunidenses jovens perambulavam pela cidade após dois ou três meses enfurnados em navios muitas vezes trôpegos e imundos.
Já ouviram falar de gaúchos e argentinos na Ilha? Não foi diferente naquele tempo. Esta é a história – saborosíssima – que cá se conta. Aproveitem e deliciem-se.
AMÍLCAR NEVES, escritor catarinense. Membro da Academia Catarinense de Letras.
Contista premiado,um nome de grande expressão na literatura dos catarinenses.
Nota: Imagem é um Detallhe da capa