A minha vida e um poema,
eu sou o tema
e a rima é o fragor dos vendavais,
soprando nos pinhais…
Foi numa Noite
em que os bosques levaram um açoite
do vento, que soprava…
Era uma Noite fanada!
A lua,
estranha fada
que palmilhava a rua,
veio beijá-los na frança enregelada
e, muito sua,
partiu à desfilada!
Viram-na pegar na pena,
para lá dos vidros da janela!
E que estranha cena
aquela
A lua fazia um poema
lá em cima!
─ Eu era o tema
E o vendaval a rima!
Nasci naquela Noite
em que os bosques levaram um acoite
do vento…
E é por isso que, após esse momento,
trago sempre comigo estes sinais:
─ no rosto, o luar do firmamento;
na alma, o fragor dos vendavais…
João Carlos,
Em comum com a noite,
Ponta Delgada, Ed. do autor, 1963
João Calos Macedo (1943) funcionário público, político, poeta, reformado, natural da freguesia da Fajã de Baixo, ilha de S. Miguel, reside na terra natal, tendo trabalhado na cidade de Ponta Delgada.