Victor Rui Dores
Numa época em que temos muitos autores, mas poucos escritores, gosto, sobretudo, dos livros que ainda não foram escritos. Para mim a felicidade está em grande parte ligada aos livros – meus amigos silenciosos, invisíveis e irresistíveis. Leitor compulsivo,sou completamente viciado em livros. E é por isso que não fumo. A minha relação com os livros não é só intelectual, é também física e orgânica.
Gosto do cheiro do papel e da tinta, gosto do tacto do lustre ou do mate das capas. Depois há este dado inapelável: podemos ler livros sentados, deitados, de bruços ou de cócoras, podemos dobrá-los, amarrotá-los, riscá-los, fazer neles anotações – prazeres que o meu tablet não me dá… O livro será sempre um apelo à nossa inteligência, à nossa sensibilidade,à nossa imaginação, ao nosso espírito crítico e ao nosso desejo de aventura. É esta viagem pelo conhecimento e pela informação que torna o livro um objecto sui generis, até agora insubstituível na esfera da fruição estética, na preservação da identidade linguística e no aprofundamento do eu.O romance "Mau Tempo no Canal", de Vitorino Nemésio,que li aos 17 anos de idade, despertou o meu interesse pela literatura porque me fez perceber que a literatura é inseparável e indissociável da vida.
Madalena San-Bento
O
nosso amor vive da cumplicidade e de emoções intensas.
Invadiste-me, com uma imensa tatuagem de
palavras, que agora são eternas. Sem exigir nada,
fazes com que tudo aconteça.Envolveste-me
na música das tuas frases e eu provei o
teu corpo de letras e estilo, o teu ritmo de cores e de cheiros… Eça: os
teus "Maias" – o começo do meu desvario.
Luiz Fagundes Duarte
Faço
minhas as palavras de Terenciano Mauro:Pro
captu lectoris habent sua fata libelli – o destino dos
livros depende da capacidade dos leitores.O
que me leva a desconfiar dos livros que vendem muito
– num país que pouco lê. O meu amor pelos livros
é um acto de perdição. E daí, de salvação.Minha.
Montaigne
escreveu numa viga da sua biblioteca esta
frase em grego: «Isto tanto pode ser como não
ser». E, num ensaio, diz que a única explicação para
a sua extrema amizade por La Boétie não
podia ser outra que não esta: «Porque era ele,porque
era eu». É esta relatividade das coisas e do ego,
assim ditas, que fazem dos Ensaios o livro de onde sempre parto e aonde
sempre chego. O resto são searas ao vento.
Santos Narciso
O
livro – Livro é vida, escola, sonho e repouso. Nele
sinto o quebrar de cadeias de solidão, o despertar de
personagens adormecidas e torrentes de água
fresca em que mergulho sempre em busca do
mesmo: um mundo melhor! O
meu livro – "O Hino do Universo" de Teilhard Chardin!
Li-o muito novo, quando ele me era
proibido.
Nele aprendi que o Infinito está nas coisas finitas.
Nele moldei a minha forma de pensar e olhar o mundo, porque o
Universo começa dentro de mim!