Conheci primeiro o escritor sensível, a lembrar o estilo de Scott Fitzgerald em The Great Gatsby na coletânea Em Fevereiro no País de Martin Ferro (Garapuvu,1997). Encontrei-o nos jornais e como leitora dos seus artigos críticos e ferinos. Admirei o contraste entre o articulista cínico e o romântico que se revela nas filigranas do poema e nas narrativas memorialísticas, como Os Primeiros e os Últimos passos de Um Sonhador (em Desterro,SC,2000), cheia de saudade e com movimento de acordes musicais que embalaram toda uma inquieta geração dos anos 70, tais como Winchester Cathedral (letra de G.Stephens) e A Day in the Life (Beatles). Sua escrita intriga e surpreende, de um lado pela coragem do enfrentamento, do outro pela paixão que extravasa na forma liberta de se expressar. Bem, mais tarde, conheci o homem que veio do oeste catarinense, que viveu em Rio Negro, Curitiba, Blumenau e num belo dia ensolarado atravessou o nosso portal , a Ponte Hercílio Luz, e aqui ficou cativo da Ilha e do mar. A amizade chegou devagar comungando idéias e partilhando muitas lutas, sempre em defesa da cultura catarinense.
O estilo Olseniano é controverso tal qual Hunter S. Thompson, o herói do Jornalismo Gonzo,traz a força nórdica de seus antepassados, se aventura e transborda numa produção literária que vai da palavra em riste a denunciar contundente a hipocrisia da convivência social e política, presente nos contos do premiadíssimo Os Esquecidos do Brasil. Há na sua narrativa um estilo ímpar, inovador, influências de incursões literárias nas obras de E.Hemingway, do luso-americano John dos Passos, autor de O Brasil Desperta (Record,1963),considerado por muitos como o maior contista do século XX, do existencialismo cínico de Jean_Paul Sartre e Albert Camus ou ,ainda, de William Faulkner, no seu jeito de escrever contra o ponto de resistência ou de efervescência, de querer atingir o âmago, cercá-lo como faz em O Som e a Fúria (1929). Além, é claro, de mergulhar nos clássicos da literatura brasileira da poesia de C.Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes à narrativa vigorosa de Guimarães Rosa, Machado de Assis e de Rubem Fonseca.
Em sua permanente saga, como um cavaleiro andante, faz da palavra sua arma de luta e segue defendendo a liberdade de expressão, sem se vergar jamais e sempre tecendo e entrelaçando histórias de vida em contos,poemas,crônicas,artigos,ensaios,romances.
A sua grande e verdadeira paixão é a literatura. Olsen é antes de tudo,um homo-literatus(…)com a mesma tenacidade dos seus antepassados ,os Vikings, Olsen não para de escrever.E de contestar, como bem escreveu o escritor Raul Caldas Filho no prefácio de seu livro Desterro,SC (Insular,2000).
Algumas Notas sobre o Autor: Oldemar Olsen Jr,catarinense de Chapecó, é jornalista profissional com formação em Direito. Fundou, dirigiu e trabalhou em vários jornais de Santa Catarina e sua pena é uma presença constante nos diferentes periódicos impressos que circulam pelo estado barriga-verde, como navega livre por blogues e sites, no mundo virtual. Editor,idealizador e agente cultural atuando na música,nas artes plásticas e no cinema com participação nos filmes Desterro e Novembrada (diretor E.Paredes) e Alva Paixão ( diretora Maria Emília ).Um currículo invejável de um homem dedicado às letras e um grande difusor da produção literária de Santa Catarina.
Autor de mérito reconhecido em inúmeros prêmios recebidos no País e no Estado em concursos que participou e nos livros publicados, destacando-se: Os Esquecidos do Brasil (1993) e Desterro,SC (2000). Presença em inúmeras antologias desde 1979 e a mais recente é na Revista Magma,nº7(CM.Lajes do Pico,Açores,Portugal,2008).