a sombra do infinito…
… os deuses são pecadores cordiais
cúmplices consagrados da tirania
veneradora da miopia dos mortais.
A humanidade continua a decifrar
o silêncio universal da nostalgia
cheia de rugas da espera do além…
Aos herdeiros do aleive da culpa original,
resta o cativeiro eterno no paraíso da dúvida…
a algazarra na apanha de aplausos
caídos no palco da ilusão da igualdade
(por aristocrático descuido)
é poeira assustada pelo eco da justiça:
honra e virtude vivem degredadas
no mágico leilão da falsidade;
ambas são irmãs-gêmeas da coragem
acoitadas na trincheira da verdade…
… há profetas a desfilar mentiras
fardadas de virtude em “passo-de-ganso”
nas alamedas perfumadas do sucesso.
– Será que os deuses têm inveja da morte,
padroeira cruel do eterno descanso?
– Será que a fraternidade é serva do mito
emaranhada no barbante do tempo
a esticar a sombra do infinito…?
João-Luís de Medeiros
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Sedona, Arizona, EUA Julho, 2009 (inédito)