Ó deuses! – santos pecadores cordiais –
força da fraqueza mal disfarçada
pela finitude cruel dos mortais…
deixai em paz o solfejo da imaginação
a espantar o doce crepitar de lumes
na pauta encardida da maldade…
e no útero da dúvida a germinar ciúmes
há gritos magoados pela eternidade…
a algazarra na apanha dos aplausos
esquecidos no pedestal da fantasia
é poeira levantada pela brisa da justiça
na ânsia de nos livrar deste degredo…
escutemos o coro da fraternidade:
coragem! – leal companheira do medo!
protege a muralha do Bem no assalto
da cruzada imperial da falsidade…
a voz do apostolado da mentira
anuncia vaidades em “passo-de-ganso“
nas praças convertidas ao sucesso…
vamos rasgar o evangelho da Espera
cartilha da transitoriedade humana…
não mais juras de amor ao infinito:
somos enteados da fé no bom-retorno
à sombra do tempo – derradeiro mito…
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joão-luís de medeiros
Rancho Mirage, California – USA (2011)